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Propostas simples de avaliação

Não queria acreditar quando li nos jornais que os sindicatos pretendiam apresentar a ideia de auto-avaliação como alternativa à avaliação dos professores. A primeira reacção é que só podiam estar a brincar. Mas, infelizmente, era a sério.

Os sindicatos, com a radicalização da luta e a consequente falta de alternativas sérias, estão a fazer mais pela degradação da imagem dos professores do que muitos anos de desautorização por parte de sucessivos ministérios. Basta andar na rua, falar com pessoas não ligadas ao ensino para compreender o que, na realidade, as pessoas comuns pensam dos professores e da sua luta. Na verdade, apenas pensam uma coisa: que ‘eles’ não querem ser avaliados; que ‘eles’ querem progredir na carreira independentemente do esforço e da dedicação que dispensam à sua profissão.

Eu sei que não é assim com a maioria, mas é esta a ideia que os professores projectam através daqueles que deveriam representá-los.

Se os sindicatos estivessem mais preocupados com os professores e com a dignidade e respeito que eles, sem dúvida, merecem, deveriam propor algo de concreto e objectivo.

Por exemplo:

1) Que o Ministério, em vez de colocar todos os professores de norte a sul do país, se limitasse a designar um gestor para cada agrupamento escolar, ou escola.

2) Que esse gestor, em conjunto com um representante dos pais, um representante dos professores e um representante das autarquias envolvidas constituísse uma comissão responsável pela nomeação do director da escola, pela contratação de professores e empregados e pelo controlo da gestão da escola.

2) Que o director avaliasse os professores tendo em conta a sua actividade e os seus resultados no ano e que a Comissão pudesse ser o órgão de recurso dos professores avaliados.

3) Que o Ministério avaliasse o trabalho dos directores tendo em conta as notas obtidas pelos alunos da escola nos exames nacionais e em provas de aferição.

4) Que as famílias tivessem liberdade para escolher as escolas dos filhos.

Estes quatro pontos seriam uma revolução. Que os sindicatos não querem, porque centraria os professores nas suas respectivas escolas e não na política de pessoal do Ministério, e que os burocratas do Ministério não querem porque lhes retiraria o poder faraónico que têm.

Mas, se pensarmos um pouco nos destinatários, veremos que estes pontos (ou outros semelhantes e melhores) poderiam conduzir o ensino a uma excelência que assim jamais terá.

Por: Henrique Monteiro

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