Arquivo

Projeto Re-food nasce com 321 potenciais voluntários na Guarda

A sua missão vai ser distribuir comida recolhida em restaurantes pelas famílias carenciadas da cidade. A iniciativa assenta na boa vontade e disponibilidade de voluntários e estabelecimentos comerciais e deverá estar no terreno até meados de 2015.

Boa vontade e disponibilidade foram as palavras mais repetidas na sexta-feira à noite no auditório do IPG, onde “nasceu” oficialmente o projeto Re-food Guarda. Cerca de centena e meia de pessoas responderam ao apelo solidário e quiseram ouvir o mentor da iniciativa em Portugal, o norte-americano Hunter Halder.

Na “reunião sementeira”, 18 “pioneiros” assumiram para já as rédeas deste desafio, que conta com 321 potenciais voluntários. A sua missão vai ser distribuir pelas famílias carenciadas da cidade a comida recolhida em restaurantes. O projeto tem vindo a ser desenvolvido com sucesso em vários pontos do país, tendo Hunter Halder revelado que o Re-food tem entregue 20 mil refeições por mês só em Lisboa «com um custo inferior a dez cêntimos». Por cá, Pedro Santos, um dos “pioneiros” guardenses, não conta chegar a tanta gente, mas espera alcançar «o máximo possível de pessoas em dificuldades». Para esse objetivo conta com o envolvimento do comércio local: «Os donos das mercearias sabem quem vive com mais carências e contamos com eles para que essas pessoas venham ter connosco», adianta Pedro Santos, segundo o qual o Re-food Guarda estará em condições de arrancar até meados de 2015 «ou talvez antes».

Por enquanto, além da permanente angariação de voluntários, os “pioneiros” estão a negociar um espaço para o acondicionamento das refeições recolhidas antes de serem distribuídas. Também alguns restaurantes já contactaram os dinamizadores do projeto na cidade mais alta, que querem chegar aos cerca de 80 existentes na Guarda. «Além desses, há snack-bares, pastelarias, padarias, supermercados, pois estamos interessados em todo o desperdício alimentar», acrescenta o “pioneiro”. O projeto já tem assento no Conselho Municipal da Ação Social e solicitou as bases de dados das instituições que operam na cidade no apoio a carenciados. «O problema é que temos constatado que não há partilha de informação entre os parceiros sociais, o que é importante para evitar a duplicação da ajuda e assim chegar a mais gente que precisa», afirma Pedro Santos.

A “estrela” da noite foi Hunter Halder. O “pai” do Re-food explicou que o projeto tem por base três palavras: «Excesso, necessidade e voluntariado, esta é uma combinação que está a ter bastante sucesso», declarou o norte-americano que reside em Lisboa há mais de uma década. Na sua opinião, trata-se de «um projeto de comunidade» para o qual os restaurantes e os cidadãos devem ser convidados. De resto, lembrou que são as pessoas que gerem as iniciativas locais, ironizando que a chave do sucesso é «cem por cento de boa vontade e zero por cento de remuneração». Segundo Hunter Halder, «a quantidade de comida que se desperdiça diariamente é enorme, as pessoas não fazem ideia. É um recurso que não acaba, mas a boa vontade das pessoas também não pode ser desperdiçada». O mentor do Re-food, que já existe na Covilhã e no Fundão, garantiu ainda que, «apesar do excelente trabalho realizado pelas instituições de solidariedade social, ainda há muita gente que, por vergonha, “escapa” a esta rede de apoio. O Re-food comprovou-o e tem chegado a pessoas que não recebiam quaisquer ajudas».

A ideia de trazer a Re-food para a Guarda surgiu depois de alguns membros assistirem à “reunião sementeira” na Covilhã no passado dia 23 de maio. A autarquia, a Diocese, a Junta de Freguesia e os bombeiros são algumas das instituições que se disponibilizaram a colaborar com o projeto guardense.

Luis Martins O Re-food Guarda conta para já com 18 “pioneiros”

Sobre o autor

Leave a Reply