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Projeto para Centum Cellas premiado em Espanha

Três jovens arquitetos desenvolveram um projeto de um centro interpretativo para o monumento romano do concelho de Belmonte

Um projeto desenvolvido por três jovens arquitetos de instalação de um centro interpretativo para a Torre de Centum Cellas, em Colmeal da Torre, no concelho de Belmonte, obteve o primeiro lugar do concurso internacional de arquitetura IS ARCH, em Espanha. Ana Bruto da Costa, Joana Gonçalves e João Moreira, que tem ligações familiares a Belmonte, gostariam agora de ver o seu estudo implementado no terreno.

A proposta dos jovens recém-licenciados pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa foi distinguida entre as 159 que participaram no concurso, destinado a estudantes de arquitetura e arquitetos recém-formados, que procura promover o debate e a partilha de ideias entre jovens profissionais numa plataforma internacional. Todos com 24 anos, os vencedores frisam que a intervenção que projetaram «procura integrar-se na paisagem como construção semi-enterrada onde o uso de granito estabelece relações com os muros das ruínas e com a arquitetura vernacular da região». A ideia de fazerem este projeto para Centum Cellas surgiu após terem terminado o curso no início deste ano com a intenção de «trabalhar o tema da paisagem, fora do contexto urbano em que quase sempre nos movemos durante o curso». Foi aí que elegeram Centum Cellas «pela sua implantação na paisagem da Cova da Beira e pelo seu valor enquanto peça de arquitetura, que transcende o seu papel enquanto testemunho histórico», sendo que a criação de um cento interpretativo lhes pareceu «um tema muito pertinente».

O programa previsto resume-se a duas pequenas salas expositivas, uma área administrativa e uma cafetaria, sendo a área construída projetada «muito reduzida». O objetivo central é «minimizar o impacto de uma nova construção neste lugar e evitar uma rutura com a envolvente próxima». Deste modo, a intervenção seria realizada «à margem do perímetro das ruínas» e a construção prevista seria «semi-enterrada e de área reduzida». Os jovens esperam que o seu projeto contribua para «relançar a discussão de uma ideia avançada há vários anos, mas ainda por realizar», num monumento nacional «cuja importância, enquanto legado da civilização romana em Portugal, e cujo papel nas tradições locais permanecem por valorizar», sustentam.

Nesse sentido, o trio de arquitetos pretende solicitar uma reunião com a Câmara de Belmonte, de modo a apresentar a sua proposta «na forma de uma brochura e obter mais informações, de maneira a ganhar uma maior compreensão da situação no terreno». Posteriormente, «o nosso desejo seria, de facto, caminhar no sentido de viabilizar o centro interpretativo, mesmo que a longo prazo». Aliás, os jovens asseguram que têm «todo o interesse em dar continuidade a este projeto, se essa for uma hipótese que surja»: «No que depende de nós, esta experiência é, antes de mais, um forte incentivo pessoal no sentido de continuarmos a projetar de forma independente em torno de problemas que nos interessem. Esperamos continuar a trabalhar juntos em novos projetos e, paralelamente, manter contacto com escritórios de arquitetos experientes», salientam. A vitória constituiu «uma grande surpresa», atendendo à «quantidade de propostas a concurso» e à «visibilidade do concurso», bem como ao facto da proposta para Centum Cellas, «pela pequena escala, ser, num certo sentido contra-corrente no contexto de um concurso de ideias de arquitetura».

Ricardo Cordeiro Proposta vencedora procura «evitar uma rutura com a envolvente próxima»

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