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Projecto “SOS Radão” já entrou nas casas guardenses

Foram colocados 200 dosímetros nas habitações da cidade e arredores, que só serão recolhidos em Janeiro

O projecto “SOS Radão”, a cargo do departamento de Física da Universidade da Beira Interior (UBI), já chegou às casas dos guardenses. São 240 os pequenos aparelhos, detectores passivos daquele gás radioactivo, que foram distribuídos, no passado sábado, pela cidade e aldeias periféricas, em igual número de habitações. Estes dosímetros só serão recolhidos em meados de Janeiro e vão permitir a elaboração do já anunciado mapa de risco sobre as concentrações médias existentes nas zonas em estudo.

A instalação dos aparelhos, do tamanho de um rolo fotográfico, foi coordenada por Alina Louro, que integra o corpo de investigadores, no âmbito da sua tese de doutoramento. No total, a colocação dos aparelhos envolveu 64 pessoas, entre estudantes das duas escolas secundárias da cidade e do IPG e voluntários da Casa da Sagrada Família, Banco de Voluntariado da Guarda e Juntas, entre outros – com o envolvimento da Câmara e da Protecção Civil Municipal.

Os proprietários das casas que integram o projecto foram sorteados via ficheiros dos SMAS, aleatoriamente, «mas houve quem preferisse não vir a conhecer os resultados», por receio de ter de vir a deparar-se com altos níveis de radão, explica Alina Louro, que acabou por ter de seleccionar alguns conhecidos e amigos. Após contactos feitos pela investigadora pessoalmente e um extenso inquérito aos moradoras das casas, a investigação saiu então à rua.

Segundo adianta aquela responsável, dia 19 de Janeiro já haverá resultados às análises que vão ser realizadas no Laboratório de Radioactividade Natural (Coimbra), sendo que «os proprietários das casas serão os primeiros a conhecê-los». Os dados «serão trabalhados depois no seu todo», para elaborar o mapa de risco, refere Alina Louro, adiantando que serão divulgados no Teatro Municipal da Guarda (TMG), dia 19 de Março, numa iniciativa intitulada “Dois dedos de ciência”. «Após o envolvimento de toda uma cidade, acho que é justo debatê-los com a população», frisa esta responsável, ao constatar que, além da cidade da Guarda, entram no projecto 12 aldeias do concelho.

Numa fase posterior, avançará a análise às águas de poços, minas e furos, «mas só para as que abastecem casas que registem níveis elevados de radão», adianta, ao assegurar que, nestas situações, «a investigação vai continuar».

Participantes pouco preocupados

Apesar da Guarda ser apontada como a cidade que tem os valores mais elevados de radão do país, os participantes ouvidos por O INTERIOR não se mostraram muito preocupados com esta problemática, mostrando-se antes curiosos em saber que níveis existirão na sua habitação. «Era uma pena desperdiçar a oportunidade de saber se a minha casa tem ou não muita radioactividade», contou Armanda Fonseca, que aceitou colocar em cima da cómoda de um dos quartos o pequeno aparelho – que não poderá mudar de sítio até 16 de Janeiro, sob pena de comprometer a investigação. Todos os dosímetros do projecto ficaram, de resto, fixos em móveis com “bostik”. Aquela participante, que mora na Avenida Francisco Sá Carneiro, numa casa em granito, disse ainda que não está «nada preocupada» com a questão do radão.

Também Cândido Lopes, a viver no bairro das Lameirinhas, afirmou que decidiu aceitar o desafio de entrar no projecto por ter «curiosidade em saber se os níveis são altos ou baixos», até porque «há uma antiga exploração de urânio perto», que se avista da sua habitação. «Dizem que isso [radão] é um perigo», referiu, por sua vez, Soraia Ferreira, mostrando-se ansiosa por conhecer os valores referentes à sua casa, que também fica no bairro das Lameirinhas.

Para além da UBI e do Laboratório de Radioactividade Natural, integram o projecto a Câmara da Guarda, Clube de Física Newtronix.pt da Afonso de Albuquerque, Protecção Civil Municipal, Unidade Local de Saúde da Guarda e Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) – entidade que financiou os dosímetros. As aldeias que participam na investigação são Maçaínhas, Cubo, Prado, Chãos, Aldeia do Bispo, Barracão, Alfarazes, Galegos, Arrifana, Carapito S. Salvador, Alvendre e Vale de Estrela.

Os aparelhos foram colocados no interior das habitações

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