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Projecto de ligação da A25 à fronteira a concurso

Câmara de Almeida reivindica acesso a Vilar Formoso para evitar “efeito de túnel” com junção à auto-estrada de Castela e Leão

Já está a decorrer o concurso público para a elaboração do projecto da ligação entre a A25 e a fronteira, mas a Câmara de Almeida está apreensiva quanto ao desenho final da via. Em causa está saber se a Estradas de Portugal (EP) vai incluir ou não um acesso a Vilar Formoso de acordo com um estudo encomendado há cinco anos pelo município e a então Comissão de Coordenação Regional do Centro (CCRC). «Não sabemos se o nó de ligação fica mais próximo da fronteira, nem mesmo se está em território português ou espanhol. Temos sido mantidos totalmente à margem do processo», lamenta o presidente António Baptista Ribeiro.

De acordo com o gabinete de comunicação e imagem da EP, a intervenção, cujo preço-base ainda não foi revelado, destina-se a estabelecer uma «boa ligação» entre Portugal e Espanha, dando continuidade ao IP5 para nascente, até à fronteira a Norte de Vilar Formoso, nas proximidades do parque TIR. O novo traçado vai iniciar-se ao quilómetro 31,5 do antigo itinerário principal e terá uma extensão de cerca de quatro quilómetros, em perfil de auto-estrada, até Fuentes de Oñoro. Está previsto um viaduto sobre a Ribeira de Tourões e algumas passagens superiores e agrícolas, estimando-se um prazo de nove meses para executar os trabalhos. «Inicialmente não estava sequer contemplado um nó de ligação à fronteira, mas a Câmara de Almeida e o Ayuntamiento de Fuentes de Oñoro conseguiram-no. Contudo, há agora várias hipóteses possíveis dentro desse nó, pelo que gostaríamos de acompanhar o projecto que se vai desenvolver», adianta Baptista Ribeiro. A solução defendida assenta na criação de um «corredor aberto» na ligação a Vilar Formoso para instalar uma grande área de serviços, nomeadamente de restauração, comércio, empresas de camionagem e de despachantes. Ali também poderiam funcionar os serviços alfandegários, bem como as autoridades policiais e de imigração, já que o Largo da Fronteira deverá perder grande parte do trânsito que por lá circula actualmente com a entrada em serviço da nova via.

«Vilar Formoso e Funtes de Oñoro ficam prejudicadas sem esse corredor, que tem que ser salvaguardado para evitar o “efeito de túnel” quando se der a ligação da A25 à A62 [a auto-estrada de Castela e Leão, entre Fuentes de Oñoro e Salamanca]. Sem essa ligação, as pessoas não vão entrar nestas localidades, o que será altamente danoso para os interesses dos seus empresários», receia. O autarca mostra-se apreensivo com o rumo das coisas e considera que já devia ter sido ouvido pela EP e pelo ministério das Obras Públicas. Tanto mais que diz saber de «reuniões técnicas e políticas» sobre o assunto, não compreendendo o porquê da Câmara de Almeida ter sido excluída. O ante-projecto de ligação da A25 à A62, elaborado por projectistas dos dois países, tem anos, estando inicialmente previstos três itinerários possíveis. Um deles sugeria um nó antes de Fuentes de Oñoro, enquanto outro traçado previa um nó em Almeida. Mas excluído estava mesmo qualquer nó de acesso entre as duas localidades fronteiriças devido a uma questão técnica. «Não faz sentido que estes dois pólos que vivem da passagem de emigrantes e turistas e dos serviços fiquem sem esta ligação», argumenta o autarca.

Luis Martins

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