Arquivo

Professores voltaram a sair à rua contra Estatuto da Carreira Docente

Manifestação reuniu mais de uma centena de docentes frente ao Governo Civil da Guarda

Mais de 100 professores do distrito da Guarda participaram, na segunda-feira, numa manifestação em frente ao Governo Civil, depois de um cordão humano por algumas ruas da cidade. Em dia de greve, os docentes assinalaram desta forma os dois anos volvidos sobre a publicação do Estatuto da Carreira Docente.

Em causa estão «a divisão da carreira em categorias», o sistema de quotas, a excessiva carga burocrática e «uma espúria prova de ingresso» exigida para ingressar na carreira, contestados num abaixo-assinado entregue à Governadora Civil Maria do Carmo Borges. «Não concebemos que, numa escola com 50 professores, o Ministério da Educação diga que só alguns é que podem ser muito bons», alega Emanuel Martins. Para além das quotas, este professor do 1º ciclo de Pinhel contesta também a divisão da carreira em professor e professor titular, o que considera «uma injustiça de todo o tamanho». «Isto só acontece no Chile. Se o primeiro-ministro diz que o modelo dele é a Finlândia, então que vá buscar as bases da avaliação da Finlândia. Para umas coisas, os países nórdicos servem de exemplo, para outras vamos ao terceiro mundo», critica.

Apesar de ser professora titular, Luísa Lourenço também discorda do sistema de avaliação por quotas em que se baseia a promoção: «Temos de ser avaliados, mas sem quotas. Pode dar-se o caso de numa escola estarem imensos professores bons e não poderem subir, e nesse ano noutra escola não haver tantos bons, mas progredirem», exemplifica. Segundo esta docente de Educação Física da Secundária Afonso de Albuquerque, na Guarda, o ambiente na escola não tem sido afectado, mas «pedagogicamente tem sido um processo muito mau. Sentimos que trabalhamos cada vez mais e que rendemos cada vez menos», lamenta. Na EB 23 de S. Miguel, Joaquim Pereira integra o grupo de professores «completamente desmotivados» com a avaliação.

«Se houver muitas pessoas acima da média, porque é que algumas hão-de ser penalizadas administrativamente? E pode acontecer o contrário, com pessoas que não tenham qualidade para atingir determinado nível de padrões, porque é que administrativamente terão de os atingir também?», questiona o professor de Educação Visual e Tecnológica. Segundo os dados do Sindicato de Professores da Região Centro, quatro escolas do distrito foram fechadas devido à greve (os agrupamentos de Loriga, Tourais-Paranhos, Vila Nova de Tazém e a Escola 2/3 de Seia). O agrupamento de escolas de Seia e a EB 2/3 de Vila Franca das Naves foram os locais com menor taxa de adesão (75 por cento).

Sobre o autor

Leave a Reply