Burocracia é um conceito administrativo amplamente usado, caracterizado principalmente por um sistema hierárquico, com alta divisão de responsabilidade, onde os seus membros executam invariavelmente regras e procedimentos-padrão. Os actos democráticos são considerados indispensáveis ao bom funcionamento do estabelecimento escolar, mas as escolas queixam-se, cada vez mais, que a burocracia é excessiva. Professores e Directores de Turma afirmam que «a burocracia na escola toma, neste momento, um sentido pejorativo. É muitas vezes uma perda de tempo e este excesso evitava-se acabando com todos os procedimentos redundantes, desnecessários ao funcionamento do sistema» – foram estas as declarações que recolhemos.
Tanta burocracia pode prejudicar, segundo os professores que ouvimos, o que é realmente importante, a formação dos alunos. Por exemplo, a avaliação do professor pretende avaliar este nos mais diversos domínios, nomeadamente, na assiduidade, na preparação e organização das actividades lectivas, na relação pedagógica com os alunos, na avaliação das aprendizagens dos alunos, na prevenção e redução do abandono escolar, na relação com a comunidade, na formação contínua adequada ao cumprimento profissional e no desenvolvimento de projectos de investigação e inovação educativa, entre outros. Todos estes parâmetros constituem folhas de papel que vão ser preenchidas com ou sem veracidade dos factos. Portanto, os professores preenchem imensa “papelada”, ficando sem tempo para formar o aluno convenientemente. São estas situações que levam o professor a questionar a credibilidade do processo.
Os professores são obrigados agora a dividirem-se entre aulas e trabalhos administrativos: «O maior problema é a falta de tempo. Não nos estamos a focar no essencial, os alunos. Os excessos burocráticos deveriam estar a ser controlados, pelo contrário a burocracia é cada vez maior. É inaceitável.», referiu-nos um professor.
No ensino básico é onde se concentram mais actos burocráticos, apesar do que, no ensino secundário também existem em excesso. Os Directores de Turma são, talvez, os docentes que mais “papelada” têm de preencher, mesmo não pertencendo à administração da escola.
Estes têm de fazer a caracterização da turma e de cada aluno individualmente, justificar faltas, fazer relatórios e actas sobre o que se passa nas diversas disciplinas quando um aluno é indisciplinado, entre outras coisas. «Outra coisa absolutamente desnecessária é a auto-avaliação por escrito. Os alunos não a levam a sério, preenchendo “cruzinhas” ao acaso, os professores perdem tempo pois têm de lê-las em casa.», diz-nos outro professor.
Os docentes revoltam-se cada vez mais face a estes excessos, como aconteceu dia oito de Novembro de 2008 em que 120 mil professores (80% da classe docente) saíram à rua manifestando-se contra o Estatuto da Carreira Docente e contra a avaliação de desempenho dos docentes, precisamente 8 meses depois de 100 mil professores já o terem feito.
O sentido do que ouvimos dos docentes na escola é que em Portugal gasta-se mais com o Ensino do que no resto da Europa, mas essas verbas não são despendidas com as escolas, nem com o seu pessoal, o equipamento e os materiais pedagógicos, mas sim com os despesismos burocráticos do ministério.
Inês Duarte Tavares (10.º E)
