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Produtores queixam-se na Feira do Queijo de Gouveia

Associação distribuiu carta aberta pelos expositores durante a visita da ministra do Ambiente

Aproveitando a deslocação da ministra do Ambiente a Gouveia para a abertura da Feira do Queijo, no último domingo, bem como a grande afluência de visitantes, a Associação dos Pastores e Produtores de Queijos da Serra da Estrela (APROSE) distribuiu uma carta aberta para expor algumas das preocupações do sector. A «mão pesada da burocracia» e a «idade avançada» dos produtores foram algumas.

A distribuição foi feita essencialmente pelas bancas de venda de queijo, logo de manhã, na mesma altura em que Dulce Pássaro visitava a feira, nas instalações da antiga Bellino & Bellino, pelo que o documento não lhe passou despercebido. Os produtores mais experientes estão «desmotivados e sem vontade de continuar», sendo que «a mão pesada da burocracia e os baixos rendimentos da produção fazem com que os mais novos não tenham estímulos para encetar uma vida dura», lia-se na missiva. A APROSE queixa-se ainda da subida dos preços dos combustíveis com «alguma frequência», dos «derivados do leite comercializados aos preços praticados na década de 1980 a 1990» e ainda dos «pastos de chamas», numa alusão aos incêndios. A acção da associação acabou por ser tema de conversa entre os produtores. «Eu já certifiquei o queijo, mas desisti. Gasta-se muito e vende-se o mesmo», contou a O INTERIOR Maria Ferreira, que fez queijo ao vivo durante o certame.

Esta produtora de Cativelos faz seis a sete queijos por dia, possui cerca de cem ovelhas e até tem um filho de 20 anos que «talvez siga» o negócio da família. «Mas isto está tão mau que não sei se quererá mesmo continuar», queixou-se. «Os mais novos não querem esta vida negra», acrescentou outra produtora, Antónia Gonçalves, ao confessar que também não certifica o seu queijo: «Eu faço tudo à mão», argumentou. Na banca ao lado, Virgínia de Oliveira, de 80 anos, usou o mesmo argumento: «Faço-o à antiga e vendo-o logo. Para quê meter-me em trabalhos?», disse esta produtora de Folgosinho. Na hora do discurso, a ministra defendeu que «é preciso criar condições para potenciar o fabrico e a comercialização deste produto emblemático», salientando a «importância do queijo da Serra para o desenvolvimento da região». Dulce Pássaro, que é natural de Oliveira do Hospital e estudou em Seia até aos 14 anos, disse conhecer bem a realidade do sector, considerando que é «preciso potenciar iniciativas como esta, que ocorrem em parques naturais, para dar maior visibilidade a estas áreas».

Para a ministra, que assegurou que procura ser «embaixadora dos interesses desta região», é importante que «as novas gerações se mantenham e com as práticas de cá». Já o presidente da Câmara de Gouveia reconheceu que a democracia «ainda não fez justiça em relação ao interior do país», numa zona onde «as dificuldades são maiores que nos grandes centros». Quanto ao caso concreto do queijo, Álvaro Amaro considerou que há uma «profissão que devemos passar para os mais jovens».

Dulce Pássaro marcou presença na abertura da feira

Comentários dos nossos leitores
das beira ampcaramelo@hotmail.com
Comentário:
A senhora Ministra quantos kg de queijo levou à borla? Só se lembram de vir às beiras para encher a mula.
 

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        Gouveia

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