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Produtores de vinho da região apostam na exportação

As empresas da região estão à procura de novos mercados para responder às dificuldades motivadas pela crise e pela falta de apoios governamentais.

O vinho é o néctar anticrise para muitos produtores da região, mas nem todos conseguem escapar ao mercado nacional, em recessão. O estrangeiro é a opção para crescer e contrariar as consequências impostas pela crise nacional. As empresas apostam cada vez mais em novos mercados e procuram ganhar prestígio em concursos de âmbito internacional

Quinta Vale d’Aldeia

Da Mêda para o resto do mundo. A Quinta Vale d’Aldeia tem vindo a construir a sua identidade de olhos postos no mercado internacional, registando já sucesso em vários países. «Somos uma empresa relativamente jovem, a adega tem apenas três anos, mas já conquistámos alguns mercados lá fora», assevera o enólogo José Conceição. Porém, o território nacional não é esquecido e está igualmente no horizonte da produtora. «Não podemos dizer que estamos a arrancar, pois sendo certa que ainda estamos na fase inicial, e já entrámos bem em alguns países, mas também queremos apostar no mercado nacional», reitera o responsável. «Uma marca demora sempre muito tempo a ser construída, mas está a correr bem», refere – referindo-se especialmente às marcas “Xaino” e “Foral da Mêda”.

Quanto ao futuro, esse é agora: «Investimos cinco milhões de euros na adega e agora é hora de conquistar o mercado em feiras internacionais, marketing e divulgação», adianta o enólogo. A maior presença nos mercados internacionais é a meta: «Num futuro próximo iremos participar em concursos, mas internacionais. As expetativas são muito boas, pois queremos notoriedade lá fora e isso só se consegue com medalhas de ouro», salienta José Conceição. Mais informações em www.quintavaledaldeia.com.

Lucinda Todo Bom

É no Poço do Canto (Mêda) que a empresa Lucinda Todo-Bom tem as suas raízes desde os anos 30, ainda que tenha retomado a produção em 1990 depois de um período de interregno. A localidade é famosa pelo vinho ali produzido e há mesmo uma lenda que conta a passagem do deus Baco pela terra.

Segurando o mercado a nível interno, a produtora ambiciona aumentar a exportação para assim dar saída aos seus produtos com mais rentabilidade. «A empresa vai tentar apostar na internacionalização para escoar os produtos e ao mesmo tempo promover os vinhos da região», indica José Cardoso. O responsável destaca o «ligeiro crescimento em termos de exportação» e a tendência para que o mercado nacional melhore com o contacto «com novas administrações». A participação em festivais e mostras da região continua a ser uma “janela” para divulgar os vinhos produzidos por esta empresa do Poço do Canto, embora os resultados nem sempre sejam os desejados: «Estivemos no festival em Vila Nova de Foz Côa, mas, pela experiência que tenho há poucos contactos resultantes deste tipo de eventos», considera José Cardoso. Mais em www.lucindatodobom.pt.

Quinta da Canameira

«A Quinta da Canameira está um pouco melhor em todos os mercados». Quem o diz é Tiago Sampaio e Melo, sócio-gerente desta casa vinícola. A empresa não quer descurar nenhuma oportunidade, pelo que, o mercado nacional acompanha o trabalho já longo na internacionalização dos seus vinhos.

«A internacionalização já existia e há também a aposta no mercado nacional, em que vendemos para todo o país», diz aquele responsável. A Quinta da Canameira, que fica na estrada nacional que liga Longroiva (Mêda) a Vila Nova de Foz Côa, não tem como estratégia conquistar novos mercados para escoar a produção, pois «os que temos já são suficientes, queremos mantê-los e continuar a apostar no mercado internacional, que é uma aposta que iniciámos há algum tempo», destaca Tiago Sampaio e Melo. Para o empresário, a presença em festivais de vinho, como o que ocorreu em Foz Côa no passado fim-de-semana, é «fundamental», pois «é importantíssimo para nós porque é na nossa região. E nestes eventos os contactos subsequentes vão acontecendo». O representante da “Canameira” refere que «as expetativas são boas», confiando no retorno proporcionado pela presença em concursos e festivais de vinho, como o do Douro Superior. Mais em www.facebook.com/quintadacanameira.

Catedral de Baco

A Catedral de Baco, em Poço do Canto (Mêda), não pode escapar ao mercado nacional pois «não há dimensão para nos virarmos para a exportação», afirma o gerente José Rocha, acrescentando tratar-se de uma microempresa que, «devido à crise, tem algumas dificuldades». A solução passa por outros nichos de mercado em Portugal, como a venda direta ao consumidor, contornando os problemas que vive a restauração. «Não vejo outra alternativa», afirma o responsável, que apresenta os preços mais acessíveis como atrativo.

A produtora marcou presença em Vila Nova de Foz Côa no último fim-de-semana, mas os contactos não têm tido efeitos práticos: «É uma montra em que damos umas provas de vinhos mas no final não temos grandes resultados», lamenta. «Não é só divulgar, é preciso trazer pessoas que queiram tirar de lá alguma coisa. Estes festivais estão a transformar-se numa rotina», critica José Rocha, para quem «este sector tem grandes dificuldades e poderia desenvolver-se se houvesse ajudas, pois criava postos de trabalho imediatos». «Fala-se em ajudar as PME’s com financiamento, mas às vezes nem é necessário. Se o Governo pagasse o que deve das ajudas comunitárias já aliviava as tesourarias», atira o produtor. Mais em www.aravos.pt.

Vinilourenço

Também a Vinilourenço labora no Poço do Canto (Mêda). A produtora do “Fraga da Galhofa” e “Dona Graça” está a recuperar depois de se ter registado «uma pequena descida, já que o mercado nacional está pior e isso notou-se nos primeiros meses», destaca o sócio-gerente Jorge Lourenço. «Há alguns negócios de exportação a “marinar”, pois têm algum volume mas demoram a concretizar», ressalva. O mercado internacional representa cerca de 10 por cento do total dos negócios e deverá passar a ser uma aposta mais consistente para a empresa.

«Estamos todos os anos a fazer alguma coisa nova. Em 2013, por exemplo, vai sair uma nova gama de vinho», revela. A dificuldade em participar em feiras internacionais prende-se com o facto de «se despender muito dinheiro, só se consegue com parcerias», mas os concursos poderão ser uma forma de contornar a situação. O principal obstáculo será «o timing da maior parte dos concursos, que não é compatível com o nosso», declara, salientando que «enviar vinho para depois não comercializar porque acabaram os lotes não vale a pena». Já a nível interno, «estamos a formalizar uma candidatura para apostar nas feiras com maior visibilidade para exportar e procurar mercados emergentes como a China», informa. Mais em www.vinilourenco.com.

Cooperativa Agrícola Beira Serra

«Dentro das nossas possibilidades está a correr muito bem. Estamos a exportar consideravelmente e a matéria-prima é toda absorvida». Josefina Torres, presidente da direção da Cooperativa Agrícola Beira Serra, é uma das mais otimistas em relação ao futuro, indicando a qualidade e a vontade constante de melhorar como “bandeiras” do trabalho da Adega.

A cooperativa de Vila Franca das Naves vai continuar a «bater na mesma tecla: melhorar o nosso produto para se distinguir dos outros e rentabilizar a matéria-prima», adianta Josefina Torres. A exportação é uma das metas mais importantes e já apresenta resultados visíveis, pois este ano vai representar cerca de 50 por cento do total das vendas – antes rondava os 27 por cento. A curto prazo, a cooperativa não esquece o “Concurso de Vinhos da Beira Interior”, cujos resultados serão conhecidos em breve. «Temos participado e há um ano ganhámos uma medalha de ouro e uma de prata. Os vinhos têm muita qualidade e os enólogos também, pelo que estamos com esperança de receber algum prémio este ano», indica a presidente da direção.

Os concursos internacionais também estão no horizonte, uma vez que «os vinhos com que ganhámos estão em estágio e devemos concorrer lá fora porque têm muita qualidade», considera. «Estamos a recuperar bem e contamos ter um retorno muito bom dos investimentos realizados nos últimos anos», prevê Josefina Torres. Mais em www.cooperativabeiraserra.pt.

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