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Privados querem comprar Casal de Santa Maria

Junta do Telhado recebeu duas propostas de investidores após “O Interior” ter revelado aldeia fantasma do concelho do Fundão

Depois de “O Interior” ter noticiado, na edição de 23 de Fevereiro, o estado de degradação da aldeia de Casal de Santa Maria, uma anexa da freguesia do Telhado, no Fundão, já apareceram interessados na compra da totalidade dos imóveis da localidade.

Uma ambição então confessada pelo próprio presidente da Junta, Aires Proença, que criticou o facto de, aquando da elaboração dos Planos de Aldeia, «parecer que o Casal de Santa Maria não pertence ao concelho». Para já, existem duas propostas de investidores nacionais.

A primeira a chegar à Junta do Telhado é da responsabilidade de uma sociedade de cinco investidores, «um natural do Fundão e os restantes residentes em Lisboa», adianta o autarca, acrescentando que a ideia destes potenciais compradores será «transformar o local numa estância de turismo rural». Aires Proença revela que foram, inclusivamente, discutidos valores monetários, mas não quer adiantar mais pormenores por enquanto, uma vez que o processo vai ter que passar «pelos donos das casas devolutas», refere. Ainda assim, a sociedade ter-se-á comprometido a «pagar individualmente» aos mais de 20 proprietários. A outra proposta chegou à Junta por carta, remetida por uma empresa de Viseu também ligada ao sector do agroturismo. Embora ainda não haja uma solução definitiva e as duas propostas estejam em análise, Aires Proença mostra-se bastante animado com a possibilidade de recuperar o lugar que já é conhecido como a “aldeia fantasma do concelho do Fundão”. «Para além de se proceder à reconversão de um património importante, qualquer investimento ali realizado vai gerar, certamente, postos de trabalho na freguesia», espera.

Porém, a venda dos imóveis não será «tarefa fácil». É que, para além dos mais de 20 proprietários, existem ainda «muitos mais herdeiros, o que pode dificultar as negociações». Mesmo assim, o presidente da Junta acredita que todos eles deverão ficar «animados» com as novas possibilidades que se abrem para o Casal de Santa Maria, local onde, recorde-se, apenas reside um casal de idosos, nada incomodado em coabitar com as casas em ruínas. Horácio Pereira e Maria Manuela, de 54 e 65 anos respectivamente, há muito que se habituaram ao isolamento da aldeia, que dista quatro quilómetros do Telhado, sede de freguesia, e cerca de 10 do Fundão. Raramente por ali circulam carros, devido à degradação do único caminho de terra batida que conduz à localidade mais próxima e nem o telefone ou o carteiro ali chegaram. Apesar de tudo, Aires Proença garante que «muito em breve» o Casal de Santa Maria vai ter um futuro.

Rosa Ramos

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