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Principais Desafios Para o Desenvolvimento da Guarda

Opinião

Os momentos de crise que vivemos obrigam-nos a pensar os territórios, de modo a encontrar novos paradigmas de desenvolvimento e um novo conceito de poder autárquico.

Por um lado, a noção de um poder centralizado nos dirigentes políticos e nas duas estruturas deve ser substituída pela ideia de uma organização em rede em que todos os cidadãos devem participar ativamente na gestão da Rés Pública. Hoje a democracia participativa representa um aperfeiçoamento do sistema político, sendo os cidadãos elementos ativos do poder.

Por outro lado, o poder deve redefinir o seu papel e o seu âmbito de atuação. O poder local foi seguramente uma das principais conquistas do 25 de Abril, contribuindo para o desenvolvimento do país e dotando os territórios de infraestruturas necessárias para garantir a sua qualidade de vida dos cidadãos. Se hoje o país atingiu este grau de desenvolvimento, tal ficou a dever-se ao papel fundamental que as câmaras tiveram e ao empenho, dedicação e profissionalismo dos seus presidentes.

Ultrapassada esta fase, o poder local deve ser reorientado para um outro âmbito. A dimensão natural e material deve ser substituída pela dimensão humana. A preocupação com as pessoas deve ser leitmotiv de toda a ação política que visa alcançar o bem comum e garantir o bem-estar das pessoas. A economia, a educação, a cultura, o ambiente e a área social assumem a primazia da atividade autárquica.

A crise, termo grego que significa a capacidade de avaliar e julgar, mas também de decidir, deve levar-nos a projetar um novo modelo de cidade.

Os diversos diagnósticos da cidade da Guarda e do território envolvente realizados nos últimos anos permitem identificar com clareza as suas principais fragilidades. A persistência e o carácter estrutural destes problemas fazem com que sejam as principais ameaças que poderão determinar o futuro deste território.

A superação deste quadro de constrangimentos está dependente de um crescimento sustentado da economia local e da geração de oportunidades de emprego que permitam atrair população de outras áreas do país, dado que o envelhecimento e o despovoamento da envolvente próxima da Guarda apontam para uma redução significativa da atração de ativos das áreas rurais para a cidade, verificada nos últimos 20 anos.

Em face destas tendências colocam-se à Guarda dois grandes objetivos estratégicos de desenvolvimento económico no curto e médio-prazo:

1- Consolidar a Cidade da Guarda como um polo de serviços e de desenvolvimento turístico regional tirando partido das oportunidades geradas pela proximidade dos grandes atrativos regionais (Serra da Estrela e Aldeias Históricas) e criando renovadas condições de afirmação em domínios de especialização nos quais reúne vantagens comparativas, nomeadamente no âmbito do Turismo Cultural, do Turismo de Saúde e do Turismo Sénior, reduzindo ainda a sazonalidade que caracteriza os destinos de Montanha;

2 – Concretizar a vocação logística da Guarda suportada na PLIE – Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda, que explora as vantagens locativas da Guarda, diversificando a base económica e gerando novos fatores de competitividade territorial que contribuam para a manutenção e renovação da especialização industrial, atraindo novas empresas com maior intensidade tecnológica.

Virgílio Bento

* Vice-presidente da Câmara Municipal da Guarda

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