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Primeiros despedimentos na Delphi poderão ser adiados

Ponto da situação será feito segunda-feira, numa reunião entre sindicalistas e a administração da empresa

Tudo indica que os primeiros despedimentos na Delphi da Guarda, agendados para Maio, possam ser novamente adiados. Segundo Júlio Balreira, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas dos distritos da Guarda, Viseu e Aveiro, «os despedimentos não deverão ser concretizados».

Ainda assim, o sindicalista prefere aguardar até segunda-feira, altura em que o sindicato vai reunir com a administração da empresa para ser feito um ponto da situação. «Qualquer despedimento implica um processo que não pode ser realizado em três semanas», invoca o responsável. De resto, e como O INTERIOR noticiou há algumas semanas, durante cerca de um mês, 21 funcionários da Delphi estiveram na unidade de Tarazona (Espanha). Tudo porque a fábrica da Estação vai receber uma nova linha de produção destinada aos MPR’s. Trata-se de um produto “after sails”, direccionado para a reparação automóvel e não para a produção em série, como acontece com a restante actividade da empresa na Guarda. «Trata-se de um aposta que poderá adiar os despedimentos, embora não permita viabilizar a empresa», acredita Júlio Balreira, que acrescenta que o sindicato vai estar «expectante» em relação ao futuro dos trabalhadores da unidade da Guarda-Gare da multinacional norte-americana.

«Há um ano a administração adiou os 540 despedimentos porque apareceram soluções, agora é esperar para ver», referindo-se à vinda da linha de cablagens da Roménia para Portugal. Contudo, novas notícias dão conta de que os automóveis da Fiat vão deixar de ter peças fabricadas em Portugal. Em Setembro deve encerrar a linha de produção de cablagens na Delphi, o último fornecedor da marca italiana no país. Recorde-se que a Delphi anunciou, a 18 de Maio do ano passado, que até ao final de 2007 iria despedir 524 dos actuais mil trabalhadores, mas com o aparecimento de uma encomenda da Roménia, os despedimentos foram adiados para este ano. A reunião entre o sindicato e a administração está agendada para as 14h30.

Onde estão as medidas do Governo?

Joaquim Valente garante que as medidas que o Governo apresentou para minimizar o impacto dos despedimentos da Delphi «não têm efeitos no dia seguinte, são medidas estratégicas que irão consolidar a economia local e nacional». O presidente da Câmara da Guarda reage assim às críticas dos sindicalistas, que, passado um ano, perguntam pelos resultados dessa intervenção do Ministério da Economia. «Este ministério e o próprio Governo têm puxado pela economia nacional, há indicadores da retoma, mas isto são processos lentos e que demoram o seu tempo. Contudo, a situação económica mundial não é a melhor, o euro está excessivamente alto, o que condiciona as exportações», acrescenta o autarca, que continua confiante, apesar de tudo: «Estou convicto que, dadas as ofertas existentes, a localização privilegiada, os incentivos e o trabalho que o Governo está a desenvolver, as empresas terão um benefício directo pelo facto de se localizarem na Guarda», afirma, escusando-se a dar exemplos.

Em Junho de 2007, no pico da crise Delphi, o Governo aprovou finalmente o Plano de Pormenor da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE). No entanto, ainda não há empresas instaladas naquela área. Já o secretário de Estado Adjunto, da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, anunciou que, no âmbito de um contrato de concessão de incentivos à PLIE, o Governo iria atribuir cerca de 4,7 milhões de euros para a dinamização da plataforma da Guarda, sendo que dois milhões serão disponibilizados numa primeira fase, e o restante numa fase posterior. «Este incentivo vai ser aplicado na realização de infraestruturas da chamada zona dois, onde irão ser criados os lotes para a indústria», explicou Joaquim Valente. O governante revelou ainda que o Governo iria homologar e apoiar uma incubadora de empresas de base tecnológica, para fomentar o empreendedorismo jovem e qualificado. O projecto representava um investimento de 370 mil euros e tinha como objectivo «apoiar os jovens empresários que queiram criar ou repensar as suas empresas», disse Castro Guerra.

Provisoriamente, a incubadora de empresas deveria estar a funcionar num dos edifícios do centro histórico. O secretário de Estado Adjunto, da Indústria e da Inovação desafiou ainda os empresários da região a «pensarem em ideias e projectos» que possam ser enquadrados nos instrumentos de incentivo que o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) vai disponibilizar. Com este repto, Castro Guerra esperava que pudessem surgir novas empresas e investimentos na região.

Rosa Ramos

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