Arquivo

Presidentes de Junta da região ganham entre 274 e 1.449 euros

Esmagadora maioria dos autarcas aufere o que está previsto no mais baixo escalão

Os presidentes das Juntas urbanas da Guarda, Seia, Conceição (Covilhã) e Fundão são os que mais podem ganhar no exercício das suas funções em toda a região, por estarem à frente de freguesias com mais de cinco mil eleitores. A lei diz que, nestas condições, os autarcas têm um ordenado base de 1.449 euros mensais, mas só se estiverem a tempo inteiro e em exclusividade – o que nem sempre é uma opção. Caso contrário, recebem metade.

A lei que rege os ordenados dos eleitos nas freguesias determina quatro escalões, com os vencimentos a serem indexados ao montante que o Presidente da República recebe (7.630,30 euros) e a dependerem do número de eleitores. O máximo que um presidente de Junta em Portugal pode ganhar equivale a 25 por cento do ordenado de Cavaco Silva, ou seja, 1.907,58 euros, mais 555,49 em despesas de representação, correspondente ao primeiro escalão. Para isso, a sua freguesia tem de ter mais de 20 mil votantes. Nenhuma da região alcança este requisito e nem o que é exigido no segundo, que contempla as que têm entre 10 e 20 mil. João Prata (S. Miguel), José Manuel Brito (S. Vicente), Ernesto Gonçalves (Sé), Alberto Figueiredo (Seia), Carlos Martins (Conceição) e Malícia Trindade (Fundão) regem-se pelo que dita o terceiro, para autarquias entre cinco e dez mil eleitores, em que, para além dos 1.449 euros de ordenado, estão previstos mais 422,17 em despesas.

Só há duas formas de conseguirem estar a tempo inteiro e alcançarem, assim, estes valores: mais de sete mil votantes e uma área superior a 100 quilómetros quadrados, ou que os encargos anuais com as suas remunerações não excedam 12 por cento do valor total da receita constante da conta de gerência do ano anterior e nem do inscrito no orçamento em vigor. A primeira é impossível na região. Só as freguesias da Sé e S. Vicente, ambas na Guarda, e a do Fundão ultrapassam o número de votantes exigido, mas estão longe de ter aquela área. A maior é a da Sé e não chega aos 20 quilómetros quadrados. Além do vencimento de um presidente de Junta baixar para metade no regime de meio tempo, o eleito perde também o direito de apresentar despesas de representação. Todas as outras freguesias situam-se no quarto e mais baixo escalão. É aqui que estão as que não chegam aos cinco mil eleitores, sendo que os seus presidentes auferem um máximo de 1.299,85 euros, mais 355,2 em despesas, a tempo inteiro.

O meio tempo tem as mesmas regras neste escalão: metade do vencimento e sem direito a despesas. Para conseguirem o salário mais alto, têm que governar numa freguesia com mais de 1.500 votantes, um número só conseguido em cerca de 30 freguesias em toda a região. Além disso, também aqui os encargos com as suas remunerações anuais não podem ser superiores a 12 por cento do valor total da receita constante da conta de gerência do ano anterior e nem do inscrito no orçamento a vigorar. Neste escalão, este último requisito é obrigatório até para se conseguir o meio tempo, a que se junta outra obrigatoriedade: governar numa freguesia com mais de mil votantes. Na região, a lista das que alcançam este número de eleitores não ultrapassa a meia centena. A esmagadora maioria dos nossos autarcas acaba por estar em não permanência nas Juntas, isto é, nem a tempo inteiro nem a meio tempo, colocando em primeiro plano a sua actividade profissional privada. Quanto tal acontece, o presidente de Junta de uma freguesia com um número de eleitores entre os cinco e os dez mil arrecada 305,30 euros, enquanto que o tesoureiro e o secretário ficam com 244,24. Nas autarquias com mais de cinco mil e menos de dez mil, os presidentes encaixam 274,77 euros e os outros dois membros 219,82.

Deputados eleitos para a AR encaixam 3.815,17 euros

Um deputado à AR recebe por mês um ordenado base de 3.815,17 euros, o mesmo que o vice-presidente, o secretário da mesa ou um presidente de grupo parlamentar. A excepção é o presidente da AR, que aufere 80 por cento do vencimento de Cavaco Silva. A única diferença entre os restantes está no valor das despesas de representação. Por exemplo, José Albano Marques (PS), Carlos Peixoto (PSD) e João Prata (PSD) têm direito a despesas na ordem dos 370,32, enquanto que Francisco Assis (PS) dispõe de 740,65 por ser presidente de grupo parlamentar. Há ainda outras remunerações, como 69,19 euros por cada dia de presença em trabalhos parlamentares, para quem reside fora da Grande Lisboa.

Além do que ganha na Junta, João Prata recebe 3.815,17 euros como deputado à AR

Comentários dos nossos leitores
Joaquim Santos js-consultoria@iol.pt
Comentário:
tudo come à conta do orçamento. longe vai o tempo em que estes cargos eram exercidos por dedicação à coisa pública
 
Carlos Fernando Peixoto fernandopeixoto1958@gmail.com
Comentário:
Faltam os dados dos vereadores e presidentes de Câmara para comparar. Mas fica aqui um comentário: um vereador ou presidente de Câmara de uma autarquia pequena ganha menos que um diretor de Agrupamento de Escolas. Um vereador não pode optar pelo seu vencimento de professor, por exemplo, recebendo menos como vereador. Como se vê nem todos são beneficiados com grandes vencimentos. Com os melhores cumprimentos Carlos Fernando Peixoto
 
ANTONIO LUIS SAMEIRO alsameiro@gmail.com
Comentário:
iHHH!tanto amigo do povo!!!!!!!!!!
 
Anónimo tony_ribeiro@sapo.pt
Comentário:
O Mouzinho da Silveira já morreu.Porque não morrem também algumas situações que estão em exagero na nossa administração local? Ordenados principescos e excesso de autarquias? Metade delas chegava bem e ainda sobrava. Dividam o país em três regiões e ponham três governadores e alguns ajudantes bem pagos para desempenharem bem a missão e caso entrem na corrupção, o remédio será a prisão efetiva e confisco de todos os bens. Dava resultado.
 
fernandogonçalves fernandofgoncalves@sapo.pt
Comentário:
os ganhos de um presidente de junta com menos de cinco mil eleitores ninguém diga k esta exagerado por amor de deus 274,77.
 
Maria Emily emiliacorreialopes@gmail.com
Comentário:
Se ganhassem pouco não andavam tanto às cabeçadas uns aos outros para chegarem ao poder.
 
Rui Lourenço rui.f.lourenco@sapo.pt
Comentário:
Deviam copiar o sistema da Suíca, onde há menos Câmaras e menos Juntas de Freguesias. Em Portugal, um presidente de Junta tem por hábito resolver os problemas nas adegas. Eu sei porque já assisti.
 

Presidentes de Junta da região ganham entre
        274 e 1.449 euros

Sobre o autor

Leave a Reply