O Jardim de Infância da Sé foi o estabelecimento de ensino da Guarda que recolheu mais material reciclável, no âmbito da “Operação Alegria”, mas o prémio correspondente terá de ser partilhado por todas as escolas do Agrupamento.
A campanha, dinamizada pela Resiestrela no ano passado, incentivou escolas e entidades de diversos municípios da Cova da Beira e do distrito da Guarda a recolherem o máximo de material reciclável possível. No final deste desafio, a empresa atribuiu um prémio (jogos didácticos na maioria dos casos) a cada estabelecimento de ensino, em função da quantidade de material recolhido. No Agrupamento de Escolas da Área Urbana da Guarda, decidiu-se que o material de apoio pedagógico fica na sede (a Escola de Santa Clara), podendo ser utilizado por todos os estabelecimentos que compõem o grupo. No entanto, a decisão não agrada aos encarregados de educação e funcionários do Jardim de Infância da Sé, que conseguiram recolher cerca de 1.900 quilos, a que equivaleram um total de 197 euros. Segundo o director do Agrupamento, esta foi uma opção baseada na «equidade».
«Nós não podemos deixar de entender o Agrupamento como uma unidade orgânica, com valores de igualdade. Há certas escolas que estão mais aptas a recolher material reciclável do que outras e os alunos têm que ter as mesmas oportunidades», defende Adalberto Carvalho. O responsável alega que, no seio do agrupamento, «existiam escolas que recolheram uma quantidade de material equivalente a dois euros», um valor demasiado reduzido que «não permite a compra de nenhum artigo de apoio pedagógico». Por isso, «não seria justo que o material fosse de uns e não de outros», acrescenta.
Pais de alunos do Jardim de Infância da Sé descontentes
No Jardim de Infância da Sé, as reclamações de alguns encarregados de educação não tardaram. Pais e funcionários sentem-se injustiçados por o prémio ter sido atribuído «por igual» a todas as escolas, sem ter em conta o material que cada uma recolheu. Ao que O INTERIOR apurou, alguns encarregados de educação ameaçaram mesmo deixar de participar na campanha. A coordenadora do infantário recusou-se, no entanto, a comentar o caso. Já Adalberto Carvalho critica precisamente a atitude de alguns pais por terem «partido para um protesto sem ouvirem primeiro a explicação do agrupamento». A esses, o responsável pergunta mesmo se «seria justo que, quando os filhos saíssem do infantário, deixassem de usufruir do material?». No seu entender, «tem de haver uma filosofia de gestão que promova igualdade para todos os alunos».
Nesse contexto, o agrupamento decidiu encomendar «artigos relacionados com experiências pedagógicas na área das ciências experimentais», revela. Um robô de energia solar, uma estação meteorológica, um colector e um observatório de insectos e livros sobre ambiente são alguns dos materiais encomendados. Adalberto Carvalho ressalva que, apesar dos artigos ficarem na sede do agrupamento, «estarão sempre disponíveis para os outros estabelecimentos de ensino, através de requisição». Além disso, garante que será dada prioridade «às escolas que recolheram maiores quantidades na “Operação Alegria”».
O que é a “Operação Alegria”
Trata-se de uma campanha que desafia as escolas e outras entidades a recolherem o máximo de material reciclável possível. Dinamizada pela Resiestrela, em colaboração com a Sociedade Ponto Verde, a “Operação Alegria” decorreu em várias escolas dos municípios de Almeida, Belmonte, Covilhã, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Fundão, Guarda, Manteigas, Mêda, Penamacor, Pinhel, Trancoso e Sabugal. Através da colaboração dos encarregados de educação, pretende-se recolher embalagens de plástico, metal e de cartão para alimentos líquidos. A quantidade recolhida, em quilos, foi “convertida” em euros, com o objectivo de premiar cada estabelecimento de ensino, através da compra de material pedagógico.
Catarina Pinto