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Prémio Eduardo Lourenço distingue Maria João Pires

Pianista faltou à cerimónia de entrega do galardão por «motivos de saúde»

Maria João Pires faltou, na passada sexta-feira, à cerimónia de entrega do Prémio Eduardo Lourenço, mas os elogios àquela que é considerada a mais prestigiada pianista portuguesa não. «Este prémio nada lhe acrescenta, porque ela está além de qualquer prémio», sublinhou mesmo o patrono do galardão, o pensador Eduardo Lourenço. Em representação da artista esteve a sua filha, Joana Pires, que explicou que a ausência se deveu a «motivos de saúde» e agradeceu a atribuição do prémio, no valor de 10 mil euros.

Eduardo Lourenço – mentor e presidente honorário do Centro de Estudos Ibéricos (CEI) – lembrou que o prémio consagra uma «pianista de renome internacional» e que ouvi-la tocar «sempre foi um acto incomparável». O filósofo recordou ter assistido a concertos em Nice (França) e em Roma, considerando que ela «pertence a essas raras pessoas que quando tocam, estão como que possuídas por qualquer coisa que as ultrapassa, que as domina, que nos domina a nós, pobres mortais que as ouvimos». Eduardo Lourenço afirmou ainda que o prémio está «bem entregue», mas que «nada lhe acrescenta». De resto, durante a cerimónia, que decorreu na sala de Assembleia Municipal da Guarda, o ensaísta, natural de S. Pedro do Rio Seco (Almeida), pediu à filha da galardoada que lhe transmitisse uma mensagem: «As suas mãos movem o mundo e não há prémio que lhe sirva».

O Prémio Eduardo Lourenço, que já vai na terceira edição, destina-se a distinguir personalidades ou instituições de línguas portuguesa ou espanhola que tenham demonstrado intervenção relevante e inovadora na cooperação transfronteiriça e na promoção da identidade e da cultura das comunidades ibéricas. Para a atribuição do galardão, o júri admitiu, a 8 de Junho, ter tido em conta «a dimensão criativa e o percurso artístico da pianista, o trabalho na divulgação da música, a dimensão humanista, o empenho em causas sociais, as preocupações educativas e o interesse que tem demonstrado na cooperação e intercâmbio cultural entre Portugal e Espanha, através do desenvolvimento de projectos comuns, com particular realce para os que têm tido lugar na região raiana». Maria João Pires sucede ao jornalista espanhol Agustín Remesal e à professora universitária Maria Helena da Rocha Pereira, galardoados em 2006 e 2005, respectivamente.

Tânia Santos

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