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«Precisamos muito de mulheres para fazer voluntariado»

Cara a Cara – Olga Braz Pereira

P – Que atividades desenvolveram neste mês de prevenção internacional do cancro da mama?

R – Todos os núcleos da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) desenvolveram ações e tomaram iniciativas para a sensibilização da prevenção do cancro da mama. No Núcleo Regional do Centro (NRC) realizaram-se no dia 5 de outubro as caminhadas “Pequenos Passos, Grandes Gestos”, uma atividade que já vai na quarta edição. A “Europa Donna”, uma estrutura que em Portugal é representada pela LPCC, celebrou no dia 15, pelo sexto ano consecutivo, o Dia da Saúde da Mama, com uma campanha que apela à manutenção de uma alimentação saudável e à prática do exercício físico. No passado dia 30 aconteceu uma iniciativa de âmbito nacional que se denominou “Um Balão, uma Vida” porque era o Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama e consistiu no lançamento simultâneo de cinco mil balões, em Lisboa, Porto, Coimbra, Funchal e Angra do Heroísmo. E foram cinco mil porque corresponde ao número de mulheres a quem anualmente é diagnosticado cancro da mama.

P – Quais as principais valências do movimento “Vencer e Viver?”

R – O movimento “Vencer e Viver” (MVV) é um movimento de entreajuda da LPCC e só pode ser voluntária quem já tenha tido cancro da mama. Damos apoio à mulher, e respetiva família, que passou ou está a passar por este momento de querer vencer e ultrapassar uma fase tão difícil da sua vida. A nossa presença é já um sinal de esperança para a mulher que está física e psicologicamente tão fragilizada. Temos sempre um saber ouvir, uma palavra amiga, um conselho… se a mulher tem carências económicas, organizado o processo e avaliada a situação por profissionais especializados, a LPCC pode dar uma ajuda bastante significativa consoante as necessidades da doente.

Além disso, através do MVV a mulher pode adquirir próteses, suportes e fatos de banho.

P – O que falta ainda fazer no que toca à sensibilização para este problema?

R – Temos de continuar o nosso trabalho. Há ainda muito por fazer a nível da sensibilização para a deteção precoce que é feita através do rastreio, realizado de dois em dois anos. No distrito da Guarda, a taxa de participação no rastreio é de 73 por cento, mas entre as mulheres que são convocadas pela primeira vez é apenas de 40 por cento. Quase nada pode evitar que o cancro apareça. A mulher tem de estar muito atenta. As mais jovens não devem descuidar as consultas de planeamento familiar e todas, a partir dos 45 anos, devem participar no programa do rastreio. Estas são as melhores formas de prevenir o cancro da mama. É a denominada prevenção secundária. Aos cuidados a ter com os estilos de vida é a chamada prevenção primária.

P – A extensão da Guarda tem conseguido dar resposta às necessidades apresentadas?

R – Até ao momento, nunca nenhuma mulher ficou com os seus problemas por resolver. Se aqui o não pudermos fazer de imediato, através do NRC encontraremos as respostas para as suas dificuldades.

P – Quais são as principais carências da extensão?

R – Há duas grandes carências que procuramos solucionar há muito tempo, desde que o MVV veio para a Guarda, há oito anos. A primeira é arranjar um espaço no centro da cidade. Estamos muito gratas pela sala que nos foi dispensada no Centro de Saúde de S. Miguel, onde está instalado o movimento desde o início. Como já é do conhecimento de muitas pessoas, a LPCC quer, no próximo ano, abrir uma delegação na Guarda, onde agregará o MVV, o Grupo de Voluntariado Comunitário e uma Extensão da Unidade de Psico-oncologia, não só para doentes mas também para os seus familiares. Para isso, esta instituição espera contar com o apoio das autoridades, tal como aconteceu nas outras cidades da região Centro, onde já foram abertas delegações. Com esta iniciativa, a LPCC aproximar-se-á mais da comunidade e poderá dar respostas mais eficazes aos doentes oncológicos. A segunda é a falta de voluntárias. Necessitamos muito de mulheres que se disponham a fazer voluntariado. Ser voluntária é desempenhar todo um conjunto de ações, de uma forma desinteressada, ao serviço de uma causa e de uma instituição, neste caso, tornando-a mais abrangente. É um exemplo de solidariedade.

P – As mulheres da Guarda estão sensibilizadas para o problema do cancro da mama?

R – Penso que a maioria das mulheres está sensibilizada para este problema. O sucesso das nossas caminhadas, realizadas desde 2010 no primeiro sábado de outubro, mês internacional do cancro da mama, é disso uma prova.

Mas, como já referi, sabemos que ainda há muito trabalho a fazer.

P – O que falta fazer para chegarem a mais pessoas, tendo em conta que estamos a falar de um distrito com população envelhecida e, nalguns casos, isolada?

R – Com a criação da delegação, a Liga terá a sua ação mais descentralizada, pelo que se esperam resultados mais abrangentes e uma maior aproximação à população. Já acontece com o rastreio, mas sabemos que não é suficiente.

Olga Braz Pereira

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