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Poucos alunos recorreram à UBI na segunda fase de acesso ao ensino superior

Cinco cursos de engenharia, ciências exactas e de ensino não tiveram candidatos, enquanto que os restantes destas áreas tiveram apenas um ou dois alunos

A Universidade da Beira Interior (UBI) voltou a registar pouca procura na segunda fase de acesso ao Ensino Superior, muito por culpa dos cursos de engenharia, ciências exactas e via ensino. Das 381 vagas disponíveis, apenas foram preenchidas pouco mais de 156, sendo que as Engenharias da Produção e Gestão Industrial (EPGI) e Têxtil não tiveram quaisquer candidatos, à semelhança do que se passou em Química Industrial e nos cursos via ensino de Informática, Matemática e Português/ Espanhol.

Português/Inglês e Língua e Cultura Portuguesas (LCP) apenas conseguiram captar um aluno para as 21 e 24 vagas disponíveis, respectivamente.

O ensino de Física e Química também teve apenas um candidato para as 14 vagas abertas, à semelhança de Física Aplicada (ramo Optometria e Optotecnia), que preencheu apenas um dos 11lugares. Quanto às engenharias, o número de candidatos foi bastante escasso. Engenharia Electromecânica teve 4 candidatos para as 11 vagas, Electrotécnica 3 para as 12 vagas, Civil preencheu 22 das 44 e Mecânica teve 3 alunos para as 17 vagas. Safaram-se as Engenharias Informática e Aeronáutica, que preencheram a totalidade das vagas nesta segunda fase de acesso. Ciências do Desporto captou 5 alunos para as 13 vagas, enquanto Arquitectura, Bioquímica, Ciências da Comunicação, os Designs Industrial, Multimédia e Têxtil e do Vestuário, Economia, Filosofia, Gestão, Marketing, Psicologia, Sociologia e Cinema preencheram os lugares que tinham sido deixados vagos na primeira fase de candidatura. «É um cenário preocupante, mas convém relembrar que este é um problema nacional e não da UBI», referiu o reitor Santos Silva a “O Interior”, confrontado com a pouca procura dos alunos para as áreas de engenharias, ciências exactas e ensino.

«Em engenharias e ciências, o problema é a matemática e as físicas», enquanto que os cursos de ensino são menos procurados por causa da proliferação de professores no desemprego nos últimos anos. «Houve uma produção em excesso para todas as áreas de ensino, por causa da formação de professores nas Escolas Superiores de Educação», completa Santos Silva, para quem é urgente uma «reestruturação» do ensino, de forma a suscitar o interesse dos alunos pelas áreas de matemática e física nos ensinos básicos e secundários. «É claro que gostaríamos de estar melhor, mas a nível nacional não estamos assim tão mal», reforçou o reitor, tendo em conta que as universidades do litoral também não tiveram sucesso nas engenharias e ciências exactas. «Nós temos 80 por cento de alunos deslocados e é claro que, sendo uma universidade periférica, temos mais dificuldades», acrescenta Santos Silva. Contrariamente ao que vinha sendo efectuado em anos transactos, não haverá este ano uma terceira fase para que os alunos ainda possam concorrer ao Ensino Superior. «A terceira fase foi excluída. Vamos ver o que se pode fazer, mas em princípio são os alunos que temos para este ano lectivo», diz.

A preocupação de Santos Silva prende-se agora com o financiamento destinado pelo Orçamento de Estado para a UBI, em que mais de 90 por cento dos cerca de 20 milhões de euros servirão para suportar as despesas com o pessoal. Daí aguardar a assinatura de um contrato-programa com o Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior (MCIES) para que a instituição possa «desenvolver o ensino conveniente da Medicina».

Liliana Correia

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