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Portugal tem dois problemas: a crise económica e o matrimónio homossexual

Nos tempos que correm até parece que Portugal só tem dois problemas, senão vejamos. Não há dia em que não se deva poupar. Não há dia em que não devamos pensar duas vezes antes de levar a mão à carteira. Olhamos os preços, comparamos, e as compras passam a ser um cumprido passeio. Aliás, já nem compramos o que costumamos adquirir. Temos posto de parte o tabaco, não por causa da saúde, mas por serem muitos os euros a serem queimados, num instante. Os ordenados não chegam para os gastos que pensamos ter direito. Usar o carro hoje, apenas para passear. Passear, apenas aos Domingos e a pé. Os presentes que costumávamos oferecer, nem pensamos neles. Porquê? É a crise económica que afecta todo o mundo. Assim sendo, parece-me necessário responder a essa questão nunca colocada: o que é a crise? A resposta é simples: o nosso País não investe em actividades que dão lucro. Lucro? Denomina-se de lucro o dinheiro que traz dinheiro. A economia em Portugal foi sempre pensada para um País onde se vai de férias, sem a preocupação com o futuro do País e dos seus habitantes, sem essa mais valia que as indústrias oferecem, e que nos leva a: uma velhice sem recursos. Se o Estado Alemão, possuidor de indústrias riquíssimas, e o Estado da Suécia, senhor de aço em grandes quantidades, estão em crise, como haveríamos nós de estar. Sem indústrias nacionais para produzir e com muitas internacionais a fechar?

Das áreas rurais apareceram imensas pessoas para trabalhar na cidade. Essas mesmas, estão a retornar à abandonada terra para comer do que semeiam. Lembro-me bem de um livro que escrevi nos anos 90: Fugirás a escola, para trabalhar a terra. Parece uma premonição! Há Arquitectos a trabalhar de motoristas, há Advogados sem clientes que se vêem obrigados a despedir as suas secretárias e fazer da casa, o seu escritório para poupar na renda. Há médicos que faltam, há académicos que nem livros podem comprar para estudar e ensinar. Pergunto-me às vezes: esse duro trabalho de investigar, de ensinar o provado e os livros escritos a partir das hipóteses, para que servem? Qual é o objectivo da vida? A emigração começou, mais uma vez, como nos anos 40 do Século passado, mas não para a França ou a Europa do Norte em geral: hoje em dia é para o Oriente, que soube guardar as suas riquezas….

No meio da hecatombe, surgem dois novos problemas: o do aborto, já resolvido; e o do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Toda a Europa respeita a opção de sentimentos. Toda a Europa permite a opção de amar. No nosso país, apenas sou capaz de ver homens que casam com mulheres por conveniência, por amarem o vizinho ou o amigo mais próximo. A conveniência, implica não ser desprezado, ter trabalho, assegurar o bom-nome, não andar ser falado em todas as bocas, como se fosse um holocausto. Esquecem que Karol Wotila, em 1991, ao manda redigir o Catecismo, ao falar do adultério, esse sexto mandamento dos católicos romanos, diz: não cometerás adultério. Acrescenta no artigo 2358:     Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação. Estas pessoas são chamadas a reali­zar a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unirem-se ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição .Com tudo, Wojtila retira-o da lista dos pecados porque não se esqueceu de dois factos: que o Rei David, dos Hebréus, amava a Urias,o marido de Basheva. Por conveniência do cargo, casou com Basheva, tendo, assim, sempre ao pé de si, a Urias. Atraição de Urias, com outro, enfurece David, que o manda a guerra, na altura na primeira fila para ser morto. O outro, que Freud em 1905 tinha denominado aberração sexual, quando se tratava de crianças, explicitado mais tarde no seu texto de 1920, quando ele próprio, diz na sua auto psicanálise, que se ntinha enamorado do irmão da sua mulher Martha, que nascemos bissexuais e há a opção da escolha em diversas idades. A prova é que ser homossexual, foi retirado dos delitos do Código de Direito Criminal.

Portugal vive do crédito. Acredita que homem casado, de certeza não ama outro homem, dizem. Mas, esses, não têm andado pelo Parque Eduardo VII de Lisboa, nem pela baixa do Porto, ainda menos no Estoril, perto da vila de Cascais. Quem por aí andar, tirava todo e qualquer crédito. Como acontece com o cartão de crédito, que hoje em dia há tantos. Falta dinheiro, há crise? Alegria, qualquer Caixa Azul sálva-nos. É, como diría Garcia Márquez, amor nos tempos do cólera. Do cólera doença, não amor com cólera ou raiva. A liberdade é para todos, cada um vive a crise como melhor entende e defende-se como o general no seu labirinto, diria García Márquez, dentro de um país inventado, à moda de Isabel Allende.

São as minhas palavras, até onde se entenda, porque vivemos numa República Soberana, depositada nos seus cidadãos.

Por: Raúl Iturra

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