O Portimonense, da Liga de Honra, é o próximo adversário do Souropires na Taça de Portugal. A equipa de Manuel Barbosa eliminou na semana passada o Aliados de Lordelo, da série B da IIª Divisão Nacional, numa partida verdadeiramente estóica em que o representante do distrito terminou o prolongamento com apenas nove elementos. O Benfica era o adversário desejado para a próxima eliminatória, mas o sorteio, realizado segunda-feira, ditou uma viagem até ao Algarve no dia 26.
O Souropires defrontou a equipa do concelho de Paredes no Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, em virtude dos jogos terem obrigatoriamente que ser disputados em relvados partir da terceira eliminatória. Ainda os cerca de 200 espectadores se estavam a acomodar na bancada quando a equipa visitante inaugurou o marcador, aproveitando uma falha de marcação dos homens do Souropires. Na sequência de um livre no lado esquerdo, a bola foi colocada ao segundo poste onde surgiu Machado, sem qualquer oposição, a cabecear para o fundo das redes. Parecia começar a ruir o sonho da equipa do concelho de Pinhel. Nada mais errado, já que dois minutos depois o Souropires repôs a igualdade. Alex ganhou um livre à entrada da área, que Oliveira se encarregou de transformar de forma perfeita levando a bola a entrar no ângulo superior direito. O guarda-redes do Lordelo ficou “pregado ao chão”. Os atletas de Manuel Barbosa ficaram motivadíssimos com o golo e ofereceram uma excelente réplica durante toda a primeira parte.
Na segunda metade, o Aliados entrou para chegar à vantagem colocando mais um avançado, mas o Souropires foi afastando o perigo da baliza de Valezim, mostrando-se sempre pronto para partir em rápidos contra-ataques. Num jogo em que Camilo e Fernando estiveram “enormes” no meio-campo, o Aliados criou a sua melhor ocasião aos 74 . Mas Valezim, por duas vezes, negou o golo a Bezú. Com os homens do Souropires a aproveitarem para ir “queimando” segundos preciosos, os visitantes foram ficando cada vez mais nervosos e, apesar do intenso domínio, raramente conseguiram importunar a defesa local. No entanto, a tarefa da equipa da casa ficou mais complicada a dois minutos dos 90 , quando Pedro Miguel viu o segundo cartão amarelo. O Aliados aproveitou então para intensificar a pressão nos cinco minutos de descontos concedidos pelo árbitro, mas o Souropires, qual muralha, defendeu sempre muito bem. Contudo, a maior surpresa ainda estava para acontecer e chegou já em tempo de prolongamento. Numa jogada fabricada por dois homens vindos do banco, Milford ganhou um lance na direita, isolou Ricardo (ex-Sabugal), que, frente a Miguel Matos, teve toda a calma do mundo para desviar a bola do guardião contrário.
A partir daqui, mesmo acusando o natural cansaço, os representantes do distrito da Guarda começaram a acreditar que podiam fazer história. Isto mesmo jogando os últimos sete minutos do prolongamento com apenas nove unidades, por expulsão de Zé Pedro. Até que o árbitro Rui Tavares, que fez um trabalho razoável, deu o apito final para delírio dos souropirenses. Manuel Barbosa teceu rasgados elogios aos atletas por esta «grande vitória»: «Os meus jogadores são uns autênticos profissionais no bom sentido, porque na prática não o são. Demonstraram que estão preparados para jogar seja com que equipa for», afirmou. O técnico e o presidente do clube, António Baraças, tinham em comum o desejo de o Benfica em Figueira de Castelo Rodrigo. Mas o sorteio ditou o Portimonense em vez do campeão nacional.
Ricardo Cordeiro