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Portalegre

Situada na Serra de São Mamede e perto da fronteira com Espanha, Portalegre teve uma posição estratégica na defesa do território durante a Idade Média.

Testemunho dessa posição é o Castelo, situado no ponto mais alto da cidade. Com poucas referências documentais anteriores, sabe-se que a reconstrução do sistema defensivo se deve ao rei D. Dinis, em finais do séc. XIII e inícios do séc. XIV, quando integrou a cidade nos bens da coroa. Era composto pelo pátio e por uma muralha dupla com doze torres e sete portas. Das muralhas, conservam-se atualmente a Porta de Alegrete, a Porta do Crato (perto da Sé) e a Porta da Devesa, tendo o resto sido integrado no tecido urbano. Os locais das antigas portas da cidade estão assinalados por painéis de azulejo.

No início do séc. XVI, depois de fundada a Misericórdia de Portalegre, o Bispo da Guarda, D. Jorge de Melo, mandou construir o Convento Cisterciense de São Bernardo. Portalegre, reconhecida nessa época como um importante centro administrativo e económico, foi elevada a cidade por D. João III, que então criou a Diocese de Portalegre e mandou construir a Sé Catedral, de estilo renascentista tardio e sagrada a Nossa Senhora da Assunção. O templo sofreu alterações entre 1737 e 1798, em estilo barroco, como se pode comprovar pela fachada, nomeadamente no trabalho de pedra dos pórticos e nas torres sineiras.

No interior, podemos encontrar painéis de azulejo seiscentistas e um notável conjunto de pinturas maneiristas, único no país. Pode também ser visitada a sacristia, revestida a azulejos setecentistas (representando a “Fuga para o Egipto”), com uma interessante abóbada de nervuras, e o claustro, terminado no séc. XVIII.

A ação do novo bispado afirmou-se ainda na construção do paço Episcopal e do Seminário Diocesano, hoje transformado em Museu Municipal.

Os séculos XVII e XVIII deixaram na cidade um forte carácter barroco que ainda se conserva nalguns monumentos, como a Igreja de São Lourenço, e nas casas apalaçadas de que o Palácio Amarelo, o Palácio dos Falcões ou o Palácio Achioli são exemplos notáveis, conservando os brasões das famílias que os habitaram e uma rica decoração em ferro forjado, trabalho singular na região.

Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, e com o advento da revolução industrial, a cidade esforçou-se em dar resposta ao progresso, atribuindo novas funcionalidades aos antigos conventos e palácios. São exemplo disso o Convento de Santo Agostinho, transformado em quartel da GNR, o Convento de São Bernardo, o Convento jesuíta de São Sebastião, ocupado pela Manufatura de Tapeçarias de Portalegre, ou o Palácio Castel-Branco, recentemente adaptado a Museu de Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, que relembra o contributo da indústria têxtil para o desenvolvimento da cidade.

Em Portalegre, que se percorre facilmente a pé, destaca-se ainda a Casa-Museu dedicada ao poeta português José Régio. Nos arredores, importa salientar o miradouro da Igreja de Nossa Senhora da Penha e a Igreja do Bonfim, na estrada em direção a Marvão e Castelo de Vide, localidades que também merecem uma visita atenta.

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