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Portagens poderão gerar aumento do desemprego na região

Aviso é feito pelo movimento “Empresários pela subsistência do Interior”, que acredita que ainda é possível fazer o Governo «repensar» a decisão

«O interior vai morrer com a introdução de portagens». O movimento “Empresários pela subsistência do Interior” garante que a introdução de portagens na A23 e A25 vai ter um impacto negativo na região que poderá resultar no aumento do número de desempregados e até no encerramento de algumas empresas. Os empresários acreditam que ainda vão a tempo de fazer o Governo «repensar» a decisão que estipula que as portagens comecem a ser cobradas a partir de 15 de Abril.

Cerca de 50 empresários e representantes das associações dos vários distritos atravessados pelas duas SCUT reuniram na Covilhã na semana passada e avisaram que serão obrigados a avançar com despedimentos com esta medida. Os custos acrescidos com as portagens «podem chegar aos 250 mil euros por ano», adiantou Luís Veiga, um dos dinamizadores do movimento. O empresário considerou que os «maiores partidos revelaram falta de sensibilidade» nesta questão e alertou para o subida do desemprego na região. «Não venham dizer que não avisámos», disse. Só no sector do turismo é apontada uma «perca previsível de 25 por cento das receitas com os turistas vindos de Espanha», acrescentou. «Queremos mostrar ao Governo que tomou uma decisão precipitada que tem que ser reavaliada», até porque «é a subsistência do interior que está em causa», reforçou.

Os empresários defendem que as SCUT do interior são diferentes das que já são portajadas no litoral, por serem «instrumentos de trabalho sem alternativas», considerou Ricardo Fernandes, outro dos porta-vozes. Para este empresário, «o Estado tem que ver que vai arruinar as micro e pequenas empresas» com uma medida que vai «abrir a porta a um desastre». E reforçou: «Quem assinar as portarias que traduzam os preços destas portagens tem que perceber que está a assinar a morte de muitas empresas e postos de trabalho». Nesse sentido, Luís Veiga acredita que o Governo terá «claramente que repensar» a decisão. «Tem que avaliar e, pelo menos, adiá-la. Moral e eticamente terá que a reavaliar», exigiu. De resto, para já, os números são a «arma» dos empresários, mas, caso a decisão de introduzir portagens se mantenha, «todas as medidas estão em cima da mesa», assumiu, não sem antes defender que o Governo devia renegociar os contratos com as concessionárias destas vias. «É incomportável pagar o valor porque foram contratadas», disse.

Por sua vez, António Ezequiel, outro empresário, reforçou que introduzir portagens nas auto-estradas do interior foi uma decisão tomada «sem conhecimento da realidade desta região» e representará uma «tragédia». O movimento prevê entregar ao Governo até final deste mês um documento onde consta o número de empresas afectadas, o impacto que as portagens terão na sua actividade e um número estimado de despedimentos. Entretanto, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A25, A24 e A23 anunciou para 8 de Abril a realização de marchas lentas nos quatros distritos atravessados por estas auto-estradas, numa «acção convergente» de protesto.

Ricardo Cordeiro Luís Veiga, ao centro, defende que o Governo «tem que avaliar e, pelo menos, adiar a decisão» da introdução de portagens

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