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Polis da Guarda com défice de 2,6 milhões de euros

Oposição considera «escandaloso» que a Câmara tenha «que se endividar», mesmo que as «grandes obras» do programa não tenham avançado

A Câmara da Guarda vai ter que recorrer à Banca para assumir a sua parte do défice da sociedade Polis, que, segundo a oposição, foi dissolvida com um passivo de cerca de 2,6 milhões de euros. O acordo com o Estado, detentor de 60 por cento do capital social da entidade criada em 2000, foi revelado na reunião do executivo, realizada na última segunda-feira.

De acordo com o documento, o município terá que liquidar cerca de de um milhão de euros, em virtude de ser responsável por 40 por cento da sociedade, tendo revertido para a Câmara o bloco habitacional do Rio Diz, avaliado em cerca de 860 mil euros. Com os votos contra do PSD foi aprovada a primeira revisão às Grandes Opções do Plano e ao Orçamento do ano de 2010, que contempla um aumento da despesa de cerca de 2,5 milhões de euros, «cujo grosso é para pagar o défice do Polis», acusa Rui Quinaz, bem como a contracção de um empréstimo excepcionado de longo prazo no valor de de 1,7 milhões de euros. Para o vereador da oposição, «o que está em causa é a Câmara assumir um défice do Polis que vai dar azo a mais endividamento», recordando que o projecto Polis teve um orçamento de 30 milhões de euros e que surge com um passivo de 2,6 milhões de euros, embora o programa não tenha sido concretizado na sua totalidade: «Gasta-se o dinheiro todo, ainda se fica a dever 2,6 milhões de euros, mas as grandes obras e as mais caras não foram feitas», frisou, exemplificando com os casos do Museu da Água, Jardim da Ciência ou o Centro de Monotorização e Interpretação Ambiental, que, para o PSD, «custavam entre 15 a 20 milhões de euros. O líder da oposição questionou os cerca de 800 mil euros gastos em eventos, comunicação e publicidade, assim como os 912 mil euros de juros de mora a fornecedores. «Ao fim disto tudo, a Câmara ainda vai ter que se endividar, o que é escandaloso», acusou.

Na resposta, Joaquim Valente afirmou que «é uma imprecisão dizer que se gastou o que estava orçamentado» e explicou que «há aqui obra que era da responsabilidade da Câmara e foi o Polis que fez obras no Parque Urbano», tendo a Guarda recebido um equipamento com «muita qualidade», apontou. O presidente do município justificou «os desvios» com os juros pagos aos empreiteiros, que «não são relevantes no contexto global», e a obras que «não estavam previstas no programa inicial». Recordou ainda que todos os Polis sofreram um corte de 30 por cento no seu orçamento e queixou-se de «vetos de gaveta que muito dificultaram as obras» durante a governação PSD.

No final dos trabalhos, Rui Quinaz defendeu que «há aqui uma disparidade de valores que ninguém entende. Aproveita-se para se aumentar a despesa corrente e com a aparência de pequenas despesas mete-se pelo meio um valor que não é justificado e que se destina, entre outras coisas, a cobrir o prejuízo do Polis. Pela maioria, quem falou aos jornalistas foi o vice-presidente do município que avançou outro número, referindo-se ao défice do Polis: «Os 40 por cento traduzem-se num valor de um milhão e 222 mil euros, mais os 680 mil dos encargos financeiros, o que totaliza cerca de dois milhões de euros». Vergílio Bento explicou a disparidade de valores com «uma má leitura dos documentos que são os mesmos para oposição e maioria».

Maioria e oposição trocam acusações de «demagogia»

Um dos assuntos que motivou acesa discussão no início da reunião prendeu-se com a iniciativa “Guarda, um concelho em festa”, com o PSD a acusar o executivo socialista de «pura demagogia». «Mais não fez que anunciar actividades promovidas por Juntas e colectividades», apontando o caso do concerto de Tony Carreira, integrado numa “tourné” de uma cadeia de hipermercados. Joaquim Valente contra-atacou ao defender que «pouco importa quem faz, o que importa é fazer», acusando o PSD de estar «novamente a fazer demagogia barata e bacoca», bem como de ter «inveja quando as coisas correm bem». Por sua vez, Ana Fonseca, também da oposição, argumentou que «dizer que ter 20 mil pessoas» nos concerto de Tony e Micael Carreira «é redutor», uma vez que se destinam «ao mesmo tipo de público».

Ricardo Cordeiro A requalificação da Praça Velha foi uma das obras efectuadas no âmbito do programa Polis

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