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Polémica do caso Parq C sobe de tom na Covilhã

Vítor Pereira e Carlos Pinto trocam acusações e descartam culpas relativamente à sentença do Tribunal Arbitral

A novela Parq C parece estar longe de acabar. Depois de na semana passada o Movimento Acreditar Covilhã, através do deputado Paulo Tourais, ter apresentado algumas questões sobre o caso Parq C à autarquia, agora é o vereador independente Nelson Silva que vem expor a sua opinião sobre a respetiva condenação da Câmara da Covilhã e pedir explicações ao presidente, Vitor Pereira.

Nelson Silva questiona-se como vai a autarquia pagar «de imediato» à Parque C os 8,8 milhões de euros a que foi condenada pelo Tribunal Arbitral e chama a atenção para os encargos extra que o município terá se a solução for recorrer a um empréstimo da banca. O vereador afirma mesmo ter «imensa dificuldade» em perceber se era melhor a solução apresentada pelo executivo de Carlos Pintos em 2013 – pagar à concessionária 11,8 milhões de euros ao longo de 30 anos –, ou pagar agora de uma vez 8,8 milhões. Neste caso, se a Câmara recorrer a um empréstimo bancário, tal decisão representará «para todos os covilhanenses uma dívida de 14,6 milhões de euros», avisa Nelson Silva, não sem antes lamentar a falta de informação que a vereação teve ao longo de todo este processo cuja decisão final foi apenas divulgada na última Assembleia Municipal.

Também o ex-presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, veio a terreiro dizer de sua justiça. Num texto publicado no “Jornal do Fundão” da semana passada, ao abrigo do direito de resposta, o antecessor de Vítor Pereira faz duras críticas ao atual autarca, chamando-o de «irresponsável» por na altura em que era vereador não ter aceite o acordo conseguido por Carlos Pinto com o Parq C e que agora resultou na condenação da Câmara. «Comigo não houve qualquer condenação, nem sequer tinha havido sentença», afirma o antigo presidente do município, que acusa Vítor Pereira de ser o «único responsável por este desfecho». Quanto à possibilidade da autarquia pedir um empréstimo para pagar a indeminização estipulada pelo Tribunal Arbitral, Carlos Pinto vai mais longe e afirma que, com os juros que a edilidade terá que pagar, a verba global rondará um total de 21 milhões euros, ripostando que com a solução apresentada pelo seu executivo seriam apenas 11 milhões de euros, pagos em rendas por 30 anos. «Acusa-me de negligência. Os factos mostram que fui diligente», ironiza Carlos Pinto.

Relativamente à ameaça de Vítor Pereira o processar civilmente, no mesmo texto publicado no “JF”, Carlos Pinto «aconselha» o seu sucessor a comunicar também à Procuradoria-Geral da República «que perdoou 400 mil euros a familiares do camarada presidente da Assembleia Municipal», bem como «a lista de camaradas que empregou e continua a empregar na Câmara e nas empresas municipais, por “outsourcing”», concluindo que assim «mata imensos “coelhos de uma cajadada”».

Vítor Pereira já reagiu às acusações de Carlos Pinto e a troca de galhardetes continua num comunicado às redações intitulado de “A verdade que o Sr. Carlos Pinto quer fazer esquecer!”. Vitor Pereira começa por descartar qualquer responsabilidade no desfecho do caso Parq C, uma vez que quando tomou posse «o processo já estava na fase de julgamento, aliás já tinha sido ouvida uma testemunha», pelo que já não tinha oportunidade de apresentar quaisquer argumentos. No mesmo documento, o edil socialista deixa claro que sempre tentou defender os interesses do município, mas não foi possível chegar a um acordo com a Parq C, uma vez que o anterior executivo «lhe prometera quase 12 milhões de euros» e que com a atualização das rendas de acordo com a inflação, numa estimativa de dois por cento ao ano, o valor total a pagar seria de cerca de 13 milhões de euros. Vítor Pereira recorda ainda que a sentença determina um valor de menos quatro milhões de euros do que o proposto anteriormente e que, «com esta solução, o município passará a ser imediatamente proprietário do silo-auto e não um mero inquilino».

Ana Eugénia Inácio Câmara da Covilhã condenada a pagar 8,8 milhões de euros à Parq C

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