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Pois, Pois

ATRASOS. As obras na Praça Velha começaram oficialmente em 15 de Agosto do ano passado. Sempre as considerei necessárias e urgentes. Não é isso que está em questão. Todavia, estava estabelecido que durariam apenas seis meses. Ou seja, já deviam ter acabado em meados de Fevereiro. Estamos em Abril e ainda falta partir muita pedra. A desculpa é os ossos, perdão, as ossadas humanas encontradas no meio do entulho. Que admiração! Como se não fosse mais do que previsível tal achado – durante séculos os enterros faziam-se ao pé das igrejas. Entretanto, os comerciantes da zona afectada vão acumulando prejuízos de vulto. Por uma vez, esta gente tem toda a razão em estar revoltada. São estes pormenores que nos revelam o terceiro-mundismo em que ainda vivemos. Em qualquer país civilizado, as autoridades públicas tudo fariam para prever todos os obstáculos e tentariam por todos os meios evitar incómodos e prejuízos para o cidadão. Por cá, o Zé Povinho que aguente.

UM CONGRESSO TRISTE. Pelos vistos, o melhor que o PSD conseguiu arranjar para o pastorear foi Marques Mendes. E, de facto, não se vê mais nenhuma solução viável. É o deserto. De ideias. De pessoas. De projectos. A culpa, ao contrário do que agora se diz, não é toda de Santana Lopes. Não senhor. O problema já vinha de trás. Convém não esquecer da cabazada que o PSD e PP apanharam em Junho nas europeias – um resultado pior do que o das legislativas e numa altura em que o PS tinha como líder o inenarrável Ferro Rodrigues. Um sinal claríssimo da péssima imagem que o governo do senhor Barroso tinha junto dos portugueses – talvez por isso mesmo o homem se tenha pirado. No fundo, Santana Lopes com as suas trapalhadas e incompetência escondeu e fez esquecer, por momentos o fracasso dos últimos cavaquistas. O projecto de Cavaco está ultrapassado e esgotado. Marques Mendes vai liderar o partido numa longa e dolorosa travessia pelo deserto. Só por isso merece a nossa compaixão. Há quem queira aproveitar a oportunidade para “refundar a direita”, injectando-lhe mais ideologia, ideias e outras tretas do género. Está bem, está. O que o PSD realmente precisava era de chegar ao poder o mais rapidamente possível. Se não, o esperado Messias (agora é um tal de António Borges) sujeita-se a encontrar apenas um monte de cacos.

NA HORA DA DESPEDIDA. Pelo menos uma promessa Maria do Carmo cumpriu: não se recandidatou. Deve ser elogiada por isso. É raríssimo um político cumprir uma promessa destas – e das outras. Eu próprio em determinada altura duvidei dessa intenção Agora vai ser governadora civil. Um cargo simbólico e sem grandes poderes. Uma espécie de prémio político. É justo. Quer se goste, quer não, a senhora é uma personagem política importante e relevante da nossa terra.

Foram dez anos à frente da Câmara, mais, salvo erro, 7 como vereadora de Abílio Curto. Era de longe o melhor elemento do seu executivo – nunca teve grandes equipas, o que, obviamente, é em parte responsabilidade sua. Penso que deixa duas marcas importantes. Primeira, a Plataforma Logística, que infelizmente continua a marcar passo, mas que é, sem dúvida, uma excelente ideia. Segunda, a cultura. Independentemente dos resultados obtidos e das opções mais do que discutíveis que tomou nesta área, manifestamente a cultura foi uma das suas grandes apostas. Revelou aqui uma intuição e uma sensibilidade pouco comuns para os autarcas da região. De resto, concretizou alguns projectos que vinham do tempo de Abílio (piscinas e VICEG) e, sobretudo, não estragou muito. O que, parecendo que não, não é de somenos importância.

Por: José Carlos Alexandre

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