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Pois, Pois

Meu querido Diogo Cabrita. Leio perplexo um texto do Diogo Cabrita intitulado: “Meu querido Marcelo Rebelo de Sousa” (O Interior, 05/08/2004). Que nos diz Diogo? Basicamente insurge-se contra as críticas «agrestes e violentas» do Professor Marcelo, nas suas sessões dominicais, ao não eleito Primeiro-Ministro Pedro Santana Lopes.

O Diogo vai ao ponto de vislumbrar «ciúmes e mau-perder» do professor e de uma trupe de comentadores, que, supostamente, querem denegrir o novo Pedrito de Portugal. No fundo, pede simplesmente que dêem o benefício da dúvida ao homem, antes de começarem a espingardear contra o «pobre coitado». Ora, é aqui que eu discordo do Diogo. É verdade que muitas das críticas feitas ao Pedrito são patéticas, nomeadamente as que se referem à sua atribulada vida pessoal e sentimental – mas, atenção, o Professor nunca foi por aí. Mais: nos tempos que correm, quem é que realmente se importa com esses pormenores?

O problema é outro. É o seu currículo político. Por acaso, não conhecerá o meu querido amigo Diogo as trapalhadas e as irresponsabilidades do homem nas suas passagens pelo Sporting (onde, curiosamente, também não foi eleito) e pelas Câmaras da Figueira da Foz e de Lisboa. No Sporting, sem ganhar títulos, quadruplicou o passivo. Na Figueira da Foz, deixou um passivo de 13 milhões de contos; um oásis que não passa de uma miragem, que, estima-se, custou 100 mil contos; um projecto megalómono para uma grande sala de conferências, que ficou na gaveta, mas que custou mais 100 mil contos, etc, etc. Em Lisboa, porque o orçamento era maior, a loucura atingiu níveis inauditos: o túnel, o Parque Mayer, a Feira Popular, o casino, etc, etc. Agora, à frente dos destinos do país, e com um orçamento 200 vezes maior, é de esperar o pior. Ou não será assim? E, meu querido Diogo, perante este historial, vamos ficar tranquilamente à espera que o Pedrito faça das suas e dê cabo do país?

Não! Permite-me que discorde de ti. É preciso ficar em cima do Pedrito desde o início e não lhe dar tréguas. Isso sim, é ser responsável e bom português.

Um caso exemplar. O jovem Fernando Lopes, ex-deputado do PSD pelo distrito da Guarda, tem sido vergastado por alguns comentadores cá do burgo. Tudo porque o moçoilo em entrevistas à comunicação social local, a propósito do seu regresso a um dos concelhos mais atrasados do país (a Mêda), se autoproclamou como um bom exemplo para a juventude. A questão é que o rapaz , bem vistas as coisas, até tem razão. O seu currículo e a sua ascensão fulgurante impressionam o comum dos mortais. Além da já referida passagem pela Assembleia da República, onde trabalhou imenso em prol da região e da nação (pelo menos é o que ele diz!), é vice-presidente da concelhia da Mêda do PSD, ex-assessor do Governador Civil, etc.

Realmente, e tirando o penteado do rapaz (que, note-se, é semelhante ao do Grande Chefe), que mais se podia pedir a um jovem com a sua idade? Num país que não ata nem desata, as juventudes partidárias são o único trampolim para milhares de jovens sem perspectivas e que mal sabem ler e escrever.

Por: José Carlos Alexandre

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