Os “Outorga” apresentaram na passada sexta-feira, no pequeno auditório do TMG, os 12 temas que compõem o seu primeiro trabalho discográfico, que será lançado ainda este ano. O projecto, que serve também de homenagem a Miguel Torga, junta outros tantos poemas daquele que é um dos mais importantes escritores portugueses do século XX com as composições do pianista guardense João Mascarenhas.
Com uma musicalidade que conjuga essencialmente jazz e música tradicional portuguesa, o grupo apresentado na Guarda «é formado por pessoas que se juntaram e que, provavelmente, se vão voltar a juntar para fazer outra coisa», adiantou João Mascarenhas. «No futuro, os projectos que se podem seguir podem girar em torno da palavra outorgar, que já existe. Nesse sentido, Miguel Torga foi o “pontapé de saída” daquilo que poderá vir a acontecer com outros textos diferentes», disse. Além do pianista, o grupo é formado por David Estêvão (contrabaixo), André No (percussão) e Isabel Martinho (voz). Rogério Pires, na guitarra, é o convidado guardense do projecto formado em 2007. João Mascarenhas confessou que o trabalho ficou facilitado pela excelência da escrita de Miguel Torga: «Ninguém se pode meter com os nossos poetas, porque a nossa música não tem grande tradição além-fronteiras, mas os nossos textos são de enorme valor, temos provavelmente os melhores poetas do mundo e tirar partido da sua palavra é quase obrigatório para quem gosta de fazer canções com bons textos, que são raros».
Já Isabel Martinho referiu que, enquanto cantora, só consegue interpretar «alguma coisa relativamente bem se as palavras forem em português e me disserem algo». A vocalista sustentou que, aliada à excelência dos textos, «o João [Mascarenhas] teve essa grande capacidade de conseguir criar estas composições extraordinárias». Quanto ao concerto de sexta-feira, João Mascarenhas confessou que «é sempre muito bom regressar e ser recebido desta forma», até porque «é muito bom poder tocar nestas condições, pois nem sempre isso acontece», revelou. Diogo Cabrita, médico e colunista de O INTERIOR, foi o mecenas do projecto, proporcionando alguns meios financeiros para a sua concretização e também a possibilidade «de estarmos todos juntos numa pré-produção, em que nos conhecemos e criámos cumplicidades com os músicos convidados», declarou Isabel Martinho. «O disco vai revelar essa cumplicidade, que o Diogo materialmente nos proporcionou, criando-nos todas as condições para podermos fazer uma boa gravação», acrescentou. Em relação ao futuro, João Mascarenhas não tem dúvidas: «Para o ano vamos aos “Grammy’s” e é lá que nos vamos encontrar a fazer esta entrevista», ironizou o pianista guardense.
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Rafael Mangana 
