P- Como descreve este o novo álbum “Half Fiction”?
R- Não é fácil falar em causa própria. No entanto, julgo ser consensual que é um disco que arrisca experimentar novas sonoridades e estéticas ao mesmo tempo que revisita ambientes sonoros dos anos 80. É um disco que foi composto praticamente todo num retiro criativo numa floresta de Paredes de Coura, onde não havia apelos de qualquer espécie: não havia internet, televisão, telemóvel, estávamos absolutamente concentrados na criação. Ainda assim não é um disco bucólico, é um álbum carregado de energia pontuado com alguns momentos nostálgicos. O nome “Half Fiction” tem a ver com o universo das letras. Metade são histórias ficcionais, com personagens e ambientes imaginados e romanceados, e outras metades são letras indignadas, que apelam à consciencialização, à mobilização perante a crise de valores, crise económica, crise dos afetos. Não podemos continuar a fingir que o mundo não está atormentado pelo terrorismo, pobreza, guerra, refugiados. A verdade é que podemos fazer a diferença… Podemos não conseguir mudar o mundo ou país, mas podemos fazer alguma coisa pelo nosso bairro, a nossa rua, a nossa casa.
P- Porquê o nome “The Happy Mess”?
R- Não valorizamos muito o nome. É apenas um nome. Não tem grandes conceitos, nem leituras. Houve dezenas em cima da mesa… Este acabou por ser pacífico. Em português do Brasil diz que é uma “Bagunça Feliz”.
P- Em termos musicais, quais são os seus objetivos? Até onde pode ir na música?
R – Quero/queremos sobretudo continuar a criar, a compor, a ganhar público, continuar a gravar e fazer concertos. Basicamente ser feliz.
P- Ter uma carreira na música era já um sonho antigo?
R- Nunca pensei na música como carreira. Sempre quis criar, compor, tocar. O resto veio por arrasto. O projeto cresceu, as pessoas gostam de ouvir e isso deixa-me feliz, que mais se pode querer?
P- Como surgiu a música na sua vida?
R- Sempre esteve presente desde infância. Comecei a aprender piano aos 6 anos. Depois entrou a guitarra já na adolescência. Nessa altura comecei a ter as primeiras bandas. Além disso sempre gostei de música. Cheguei à rádio por viver intensamente a música. É essencial para a minha felicidade.
P- É fácil de conciliar a carreira de jornalista com a de músico?
R- Não é fácil! E ainda tenho família… Enfim, implica disciplina, implica resiliência, implica muito cansaço. Mas diria que é um pequeno preço a pagar.
Perfil:
Idade: 42 anos
Profissão: Jornalista/músico
Currículo: Jornalista da SIC desde 1994. Trabalhou ainda no “Jornal de Notícias” e várias rádios locais. Músico e fundador dos “The Happy Mess” desde 2011.
Naturalidade: Valpaços
Livro preferido: “O Barão Trepador”, de Italo Calvino
Filme preferido: “Blade Runner”, de Ridley Scott
Hobbies: Ler, escrever, colecionar discos vinil, ténis e correr