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PLIE na lista do PRASD

Plataforma Logística da Guarda não constava como potencialidade da Beira Interior, um lapso corrigido na semana passada

A Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda passou a integrar desde sexta-feira a lista das potencialidades da Beira Interior no Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos (PRASD). O documento foi apresentado oficialmente na Guarda aos agentes económicos e políticos regionais pelo ministro da Economia, Carlos Tavares, e o autor do estudo, Daniel Bessa, onde o governante disse não ver «nenhuma razão» para que a região não tenha níveis de desenvolvimento «iguais à média do país».

Concluído o diagnóstico, o ministério quis saber se é «partilhado» pelos agentes locais, que foram chamados a sugerir sectores e áreas subaproveitadas ou não representadas no estudo de Daniel Bessa. Foi o que aconteceu com a PLIE, ignorada no relatório intermédio mas que já vai constar do documento final relativo à Beira Interior a apresentar durante um Conselho de Ministros especialmente dedicado à coesão e que deverá ocorrer em Abril. «Aquilo que for bom para as regiões é seguramente bom para o desenvolvimento do país», considerou Carlos Tavares, sublinhando que antes de alicerçar a coesão europeia será necessário consolidar «a coesão económica e social» do país. No que a esta região concerne, o ministro disse que as acessibilidades são «incomparavelmente» melhores do que no passado, o que terá transformado «algumas das suas desvantagens em vantagens», nomeadamente nas ligações aos grandes centros do litoral, de Madrid e da Europa. «A Beira Interior está agora equidistante de três grandes centros urbanos, como Lisboa, Porto e Madrid. É talvez a única do país em que isso acontece», destaca. Uma posição geoestratégica que desafiou os empresários e investidores a aproveitar, tanto mais que o Governo, através do PRASD, vai disponibilizar apoios «específicos» para cada região e sector. «Só se pode ser mais rico e ter mais riqueza para distribuir se ela for produzida», avisa o ministro.

A23 estruturante

De resto, a PLIE pode ser o chefe de fila desse cenário: «É um elemento essencial para que o país possa ser de facto uma porta de entrada para a Europa. Não vale a pena termos portos se depois os produtos não podem sair e entrar na Europa de forma eficaz», adiantou Carlos Tavares. Já se sabia que o PRASD é um meio para alcançar o desenvolvimento «mais equilibrado» de Portugal através do aproveitamento das vocações regionais (marca Serra da Estrela, Parkurbis, regadio da Cova da Beira, energias renováveis, PLIE, sector têxtil de sucesso e cidades âncora – Guarda, Covilhã e Castelo Branco). Ficaram agora a saber-se os recursos disponíveis. Para além de uma «discriminação positiva» em termos de fiscalidade e de incentivos financeiros (majorados com base no mapa do “Portugal deprimido”), o Governo disponibiliza ainda o acesso a um fundo de capital de risco com mais de 20 milhões de euros e cria outro de 60 milhões. «São uma ajuda à criação de empresas, porque esta região não precisa de beneficência e o investimento é a variável chave do desenvolvimento do interior», sustentou Carlos Tavares.

Explicações que Teixeira Diniz, presidente do Nerga – Associação Empresarial da Região da Guarda, gostou de ouvir. Na sua opinião, o PRASD é o «estudo sério que faltava, pois foi vocacionado para uma direcção específica, o potenciamento do nosso desenvolvimento», considerou, acrescentando que o programa vai incidir prioritariamente nas empresas e indústrias com viabilidade e potencial que justifique apostar nelas: «Os têxteis e a PLIE serão investimentos que servirão de catapulta e alavanca para outros que, à beira desses, irão por sua vez gerar mais riqueza», espera. Uma opinião partilhada por João Fernandes Antunes, para quem a região «não é só depressão e pessimismo, há também um grande dinamismo, diversidade e é essa a sua grande vantagem». O presidente do Nercab – Associação Empresarial da Região de Castelo Branco adianta, por outro lado, que a A23 foi um investimento «estruturante» para a Beira Interior que já devia ter sido feito há muito tempo. «Infelizmente, outras auto-estradas foram feitas cujo movimento actual prova que esta deveria ter sido feita primeiro, pois a A23 tem tanta circulação automóvel como a auto-estrada do Algarve e a que liga a Espanha por Badajoz. Se assim tivesse acontecido, a região tinha-se desenvolvido há mais tempo», lamenta, acreditando que o PRASD deve criar as «condições estruturais e de atractividade» para que as empresas se instalem na região.

Luis Martins

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