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PLIE cada vez mais da Câmara

Autarquia detém mais de 63 por cento do capital social da sociedade porque metade dos fundadores não subscreveu aumento de capital

A Câmara da Guarda foi forçada a aumentar a sua participação no capital social da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE), mantendo-se como principal accionista da sociedade. O município, que lançou o projecto em 2000, detém agora mais de 63 por cento após cerca de metade dos sócios fundadores não ter subscrito o aumento de capital, agora de 1,5 milhões de euros.

Esta posição dominante foi revelada na última reunião do executivo, a par de uma aclaração segundo a qual a autarquia compromete-se a baixar a sua participação até 10 por cento daqui a quatro anos. «A Câmara só deu conforto ao projecto e facilitou a captação de fundos comunitários, não quer ter a maioria do capital social. A PLIE é para os privados e tem que ser de iniciativa maioritariamente privada», sublinhou Joaquim Valente. Quem duvida cada vez mais disso é a oposição, que se manifestou «muito preocupada» por o município ser o principal accionista de um projecto que devia ser dinamizado pelos empresários. «Esta posição maioritária acontece porque a Câmara não consegue mobilizar a iniciativa privada, que tem recuado num projecto que é o paradigma da má gestão socialista», criticou Ana Manso. Para a vereadora do PSD, «o tempo vai passando e não se vê nada além da forte iluminação da zona, que implica custos anuais da ordem dos 40 mil euros».

Por isso, a social-democrata considera a PLIE «um falhanço do actual executivo, já que a Câmara tem sido o problema e não a solução, prejudicando altamente a Guarda», considerou, antes de perguntar para quando a instalação da primeira empresa. A resposta foi vaga: «Há duas grandes empresas prestes a assinar as escrituras de compra dos lotes logo que o processo de aumento do capital estiver resolvido», afirmou o edil, justificando «não ser oportuno» revelar nomes, sector de actividade ou datas. «Posso dizer que não são portuguesas e já iniciaram os processos de licenciamento», completou, dizendo-se convicto de que possam iniciar a actividade «no próximo ano». Convidando os três eleitos do PSD a assistir à próxima reunião do Conselho de Administração da PLIE, Joaquim Valente reiterou também que a actual posição maioritária do município no capital social é temporária, admitindo que o prazo de quatro anos é «o espaço temporal desejável para a Câmara reduzir a sua participação».

Ao que tudo indica, apenas a autarquia, o grupo Joalto, a Gonçalves & Gonçalves, a Ecossoros, o Nerga e a Associação Comercial da Guarda subscreveram o aumento de capital. Já a transportadora Luís Simões, as construtoras Manuel Rodrigues Gouveia e Mota-Engil, bem como a Sociedade Geral (ex-IPE) passaram a ter uma posição residual na sociedade.

Luis Martins

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