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PLIE ameaçada pela Plataforma logística de Salamanca

Atraso do projecto da Guarda invocado para atrair investidores portugueses

O facto da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda continuar a ser uma miragem já está a ser aproveitado pela concorrência mais directa. Recentemente num colóquio da revista especializada “Cargo”, vários oradores consideraram que a Zona de Actividades Logísticas de Salamanca, em desenvolvimento, é uma «boa oportunidade» de negócio para os empresários portugueses porque a PLIE «ainda não saiu da fase de projecto». Um apelo já desvalorizado pela presidente da Câmara, principal accionista do projecto, que abre dia 22 as propostas para a construção das infraestruturas da plataforma.

Contudo, a ameaça existe. É que a iniciativa de Salamanca é um adversário de peso. Para além da logística, o empreendimento é composto por uma plataforma agro-alimentar, o Porto Seco, que resulta da ligação aos portos de Aveiro e Leixões, e o respectivo centro alfandegário e as primeiras fases de um polígono de actividade logístico-industrial. Tudo numa área aproximada de 200 hectares que aspira a ser o principal nó do corredor logístico que articula o eixo Leixões/Aveiro/Salamanca. Por cá, a autarquia não receia a concorrência que está a nascer do lado espanhol, que não considera «nociva» à PLIE. «Temos parceiros estratégicos nesta área [o grupo Luís Simões e a Joalto] que são só por si a garantia de que o projecto da Guarda vai atrair muitos investidores», adianta Maria do Carmo Borges, que recorda que o porto da Figueira da Foz já aponta para a plataforma da Guarda nos seus planos. Por outro lado, a iniciativa de Salamanca «não é um concorrente directo, mas vai ser um factor de cooperação e de complementaridade», sublinha. De resto, a presidente não tem dúvidas que a Guarda tem que ser «explorada» nesta área devido à sua posição estratégica. «Espero que o próximo Governo a considere um projecto de importância nacional», refere.

Infraestruturas concluídas em Dezembro

Dia 22 serão conhecidos os concorrentes à construção das infraestruturas da PLIE. Uma primeira etapa, orçada em 5,3 milhões de euros, que a autarca considera o princípio do «sucesso» do empreendimento. «Neste momento está tudo resolvido e vai entrar em obra o mais rapidamente possível nem que a Câmara da Guarda tenha que parar outros projectos para suportar financeiramente estes trabalhos», garante, revelando que a comissão de análise das «muitas» propostas que deram entrada na autarquia foi alertada para escolher a melhor com «carácter de urgência». O objectivo é começar obra no segundo trimestre de 2005 para estar concluída a 31 de Dezembro, como exige o regulamento do Interreg. Outra novidade prende-se com a candidatura dos acessos à Quinta dos Coviais ao Plano Operacional Regional da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro. Maria do Carmo Borges quer agora recuperar o tempo perdido, pois também acha que cinco anos são «demais» para concretizar a PLIE. A demora é explicada com a «instabilidade» política do país nos últimos anos e pelos «”grãos de areia”» colocados na engrenagem por responsáveis políticos locais «que achavam que este projecto não devia ir para a frente», constata. Mas também porque a iniciativa é «ousada, inovadora e diferente, por assentar na iniciativa privada», diz a autarca, desejando que a PLIE seja «só sucesso a partir de agora».

Luis Martins

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