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PLIAB de Celorico «não passou de “bluff”»

José Monteiro acusa anterior executivo de ter feito «propaganda política» com projecto da Plataforma Logística Integrada Abastecedora do Interior e Beiras

Como se não bastasse o facto de estar atolada em dívidas, a Câmara de Celorico da Beira deparou-se recentemente com outra situação nada positiva para o desenvolvimento do concelho. Isto porque, afinal, o tão propalado projecto da Plataforma Logística Integrada Abastecedora do Interior e Beiras (PLIAB) não irá sair do papel tal como estava programado.

Reconhecendo que a PLIAB, que representava um investimento global de 18 milhões de euros e previa a criação de 250 postos de trabalho, não é para avançar, o actual autarca José Monteiro, eleito em Outubro passado, diz que «tudo não passou de um “bluff” político». «Tudo quanto se falou não passou de propaganda política», garante o presidente. O edil adianta que já reuniu com Fernando Tavares Pereira e que o empresário responsável por grande parte do avultado investimento se terá mostrado «apologista de uma reestruturação do projecto», revela. Por outro lado, o responsável pelo grupo TAVFER terá dado a entender que o empreendimento da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda «talvez seja mais estruturante», continua José Monteiro. Ainda assim, o autarca celoricense diz que o empresário lhe assegurou que «continua interessado» em investir no concelho, sublinhando que o município «vai avançar com um projecto de uma zona industrial» onde, conjuntamente com uma plataforma, «se chegar a ser construída», serão criadas outras vertentes de índole industrial, adianta.

Contudo, avisa que se trata de um «projecto demorado» que necessita de ser aprovado e que será candidatado ao FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional ou a outro programa que possa surgir no âmbito do IV Quadro Comunitário de Apoio. Ainda em relação à PLIAB, José Monteiro lembra que se falou muito na construção de um terminal ferroviário, mas a Câmara de Celorico já contactou a REFER: «Foi-nos respondido que nunca tinham sido abordados por ninguém sobre esse assunto», indica. Esta é a confirmação de que o projecto, que parecia ser gerador de maior riqueza para o concelho, ficou fora da rota de Celorico da Beira. Recorde-se que, já em Setembro do ano passado, aquando da assinatura de um protocolo de alienação onerosa de mais de 56 mil metros quadrados necessários à implantação do projecto, Fernando Tavares Pereira, que se queixou várias vezes de excesso de burocracia, afirmou que esteve quase a optar por outra localização, dada a demora do Governo em aprovar os Planos de Pormenor para o local e de Urbanização da vila.

Garantiu mesmo que só não o fez devido à insistência do autarca de então, António Caetano, para que ficasse no concelho. Por sua vez, o anterior edil não esqueceu «aqueles que tudo fizeram para a obra não avançar», numa alusão a alegados entraves do Governo PS ao projecto, afirmando que «os próximos anos serão de ouro para Celorico da Beira». Agora, passados alguns meses, e perdidas as eleições, o cenário mudou totalmente. O projecto da PLIAB visava a ocupação de uma área de dez hectares, num terreno colocado entre a EN16 e o IP5/A25, que seria transformada num interface comercial para servir transitários, rodoviários e ferroviários, funcionando ainda como mercado abastecedor da região que vai da Guarda a Bragança. A ex-futura plataforma compreenderia um hotel com 30 quartos, zona de estacionamento para 200 camiões, áreas de apoio, pavilhões, oficina, linhas de lavagem com capacidade para 300 camiões, postos de abastecimento para todo o tipo de veículos, restaurante, balneários, zonas verdes de lazer e parque com capacidade para 50 autocaravanas. Estava, de igual modo, prevista a criação de 250 postos de trabalho, a recrutar, de preferência, no concelho.

Ricardo Cordeiro

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