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Plano A

GAIA

Por Maria de Lurdes Santos*

Após a Segunda Guerra Mundial, concluiu-se que a comunidade mundial se tinha que unir e resolver três questões muito importantes caso quisesse prosperar: “paz e segurança, desenvolvimento económico e direitos humanos”.

Os arquitetos do mundo no pós-guerra acreditavam que, para os seres humanos realizarem todo o seu potencial, precisavam de melhorar a qualidade de vida. Contudo, ao longo do percurso houve uma espécie de cegueira em relação ao ambientalismo.

O ambiente fazia parte da agenda dos países desenvolvidos, mas estava praticamente cingido aos problemas da poluição do ar e da água e aos detritos.

A ONU referiu, em 1987, que o desenvolvimento económico não estava a funcionar, porque o número de pessoas pobres era cada vez maior e o ambiente estava a degradar-se. Desde a Cimeira da Terra, em 1992, no Rio de Janeiro, tem existido um maior consenso global quanto a uma ameaça à teia de biodiversidade. Apesar da importância de todos os tratados ambientais, incluindo, em 1997, o de Quioto, estes foram considerados opções e não imperativos. 2010 foi o Ano Internacional da Biodiversidade. A Convenção da ONU em Nagoya, Japão, procurou lançar novas metas nesta área e implementar acordos para as concretizar.

Como agir, qual a estratégia completa, e não apenas um plano isolado, que possa dar resultado em termos de preservação?

Em vez de todos os anos incinerarmos ou deitarmos milhões de toneladas de materiais usados em aterros sanitários, imaginemos que seria possível reciclá-los, vezes sem conta, transformando-os de novo, por terem sido concebidos como um produto “berço a berço”, e não de “berço a túmulo’’: poderíamos trocar de objetos quantas vezes quiséssemos sem sentimentos de culpa!

Apenas o “Mercado” pode gerar e colocar capital suficiente, com rapidez e eficácia, para pôr dez mil inventores a trabalhar em dez mil empresas, dez mil garagens e dez mil laboratórios, de forma a desencadear progressos transformacionais; apenas o “Mercado” pode, depois, comercializar os melhores desses avanços e melhorar os existentes à escala necessária.

Cada um de nós deve aprender a ser bom supervisor da sua “casa” maior (a Terra), para que nem em imaginação concebamos um mundo sem biodiversidade – um mundo de aço inoxidável e cimento, despido de animais e plantas. Seria um mundo onde dificilmente desejaríamos viver, sem podermos cheirar uma flor, nadar num rio, colher uma maçã ou contemplar um vale na primavera.

*professora

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