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Pinhel não dispõe de oportunidades profissionais suficientes para jovens

Despovoamento do interior é um fator negativo que afeta a empregabilidade dos jovens locais

A taxa de desemprego é um assunto bastante presente nos dias de hoje. Também Pinhel é afetado pela desertificação que se tem vindo a acentuar no interior do país. São muitos os recém-licenciados obrigados a abandonar o concelho em busca de um trabalho na sua área de formação. Para eles, o desenvolvimento da terra passa também pela fixação de jovens.

Maria Marques, de 21 anos, licenciada em Contabilidade e Administração, considera que Pinhel está «muito atrasado a nível profissional, neste momento é impossível para os recém-licenciados estabelecerem cá a sua carreira profissional». Também Jéssica Brás, de 21 anos, a terminar a licenciatura de Marketing, embora tenha a ambição de ficar na sua terra, perto da família e amigos, «não tem muitas opções de escolha na área». Por sua vez, João Saraiva, de 21 anos, quando terminar o mestrado em Engenharia Mecânica, vai ter «uma oportunidade de emprego» num concelho vizinho, o que possibilita manter-se na terra. Contudo, também ele partilha da opinião de que «é difícil encontrar trabalho em Pinhel, pois sendo um meio pequeno, os conhecimentos na área de Engenharia Mecânica não são muito necessários».

O despovoamento do interior é um fator negativo que afeta as oportunidades profissionais para estes jovens. Jéssica Brás refere que apesar de, na área de Marketing, ser possível manter-se na “cidade-falcão”, «não é fácil conseguir um posto de trabalho devido ao facto da população ser cada vez menor e das empresas e instituições serem obrigadas a diminuir o número de funcionários». Na opinião de Maria Marques, «a desertificação que se sente deve-se muito à ausência de incentivos para fixar os jovens, bem como apoios no início de carreira, seja na criação de uma nova empresa ou de outra forma». A jovem acrescenta que «é impensável para todos os recém-licenciados investirem numa licenciatura com o objetivo de regressar a uma cidade que não é capaz de lhes proporcionar o futuro desejado». A escolha da área de estudos pode ser fulcral para o seu estabelecimento no concelho. Para João Saraiva, «a opção por um campo que ofereça diversas oportunidades de emprego pode facilitar a permanência na terra e o contrário pode dificultar».

O mesmo pensa Maria Marques, segundo a qual essa escolha «tem influência, não só em Pinhel mas em todas as cidades de baixa densidade. Perante a atual crise, o sucesso das áreas depende muito das necessidades da população». De acordo com estes jovens ouvidos por O INTERIOR, o desenvolvimento da região passa por incentivos à fixação de população jovem no interior. Maria Marques reconhece que «Pinhel é uma cidade desenvolvida no setor agrícola, mas também tem que se desenvolver noutras áreas». Para contrariar as adversidades do interior, a jovem licenciada em Contabilidade e Administração sugere «a criação de novos postos de trabalho que permitam aos jovens exercer a sua profissão na região, bem como o aproveitamento de recursos existentes na zona e a sua industrialização». Por sua vez, Jéssica Brás considera que é necessário continuar a apoiar as empresas locais. «Se as ajudarmos a crescer, podem vir a precisar de recrutar pessoas», afirma a estudante de Marketing, sublinhando que o mais importante para fortalecer o concelho passa pela «mentalidade dos jovens de cá, pois estes devem ambicionar melhorar a nossa terra em vez de abandoná-la».

Recém-licenciados apontam a fixação de jovens na terra como um dos fatores necessários ao desenvolvimento da região

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