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PIDDAC é «ridículo» e «esquisito»

PCP e CDS-PP da Guarda também reprovam programa de investimentos do Estado no distrito da Guarda

As críticas ao PIDDAC 2005 para o distrito da Guarda somam e seguem. Depois dos socialistas e de alguns autarcas social-democratas, os comunistas e a concelhia do CDS-PP da Guarda vieram a terreiro na última semana reprovar os investimentos anunciados pela administração central para o próximo ano. João Abreu, dirigente distrital do PCP, considerou-os «ridículos», enquanto Joaquim Canotilho, líder do PP da Guarda, achou-os «esquisitos».

Os comunistas começam por realçar que o aumento verificado em 2005 «não só não recupera os baixos índices de PIDDAC’s anteriores, como contraria, de forma deliberada, o que devia ser o princípio da discriminação positiva para o interior como política de Governos que tivessem uma visão nacional e solidária do desenvolvimento», sentenciou João Abreu. O dirigente da Direcção da organização Regional da Guarda constata que o actual Governo retirou «sem explicação» obras «imprescindíveis relativas às acessibilidades inter-concelhias, como a beneficiação da estrada 102 à EN 17, as obras da EN 231 e da 230, com dotações anteriores previstas de mais de 1,2 milhão de euros». Mais estranho ainda, segundo aquele responsável, é o facto de outras obras inscritas, que transitaram do PIDDAC anterior, terem sofrido «reduções brutais» que comprometem a sua realização imediata. «Não há um investimento naquilo que é prioritário para o distrito, sendo um aspecto altamente negativo o facto do hospital da Guarda vir com dotações ridículas de 320 mil euros. Deixou-se também cair o IP2, que tem verbas residuais que não dão sequer para mandar fazer os estudos de impacto ambiental necessários», denuncia João Abreu.

Pior só mesmo a suspeita de que os critérios adoptados pelo Governo nas dotações não terem tido em conta «as necessidades objectivas de cada concelho, mas antes as relações promíscuas de clientelismo partidário». A acusação diz respeito ao caso de Gouveia e à dotação para o hospital da Misericórdia de Seia, «em detrimento do hospital público de raiz». João Abreu recorda que as obras financiadas em Gouveia são de «há muitos anos» e considera haver com este PIDDAC «uma tentativa do PSD salvar uma autarquia que era historicamente do PS e que não tem feito nada. Portanto há que apresentar obra no último ano do mandato, coisa que não aconteceu até agora». Na categoria “para inglês ver”, os comunistas invocam as «muitas obras» que se arrastam há anos sem conclusão, «havendo casos que remontam a 98», enquanto outras infraestruturas fundamentais para «o bem-estar da população e o desenvolvimento colectivo» do distrito, como o hospital da Guarda ou o Museu do Côa, vêem «confirmado o adiamento da sua construção pela exiguidade das dotações». O PCP da Guarda já entregou ao seu grupo parlamentar algumas propostas de alteração que dizem respeito ao hospital da Guarda, IC7 (Vendas de Galizes/Celorico); IP2 (Pocinho/Trancoso e Trancoso/Celorico), IC37 (Seia/Viseu), Túnel da Serra da Alvoaça, construção dos teleféricos da Serra da Estrela (Loriga/Alvoco/Torre; Covão da Mulher/Torre e Lagoa Comprida/Torre).

Curiosamente, o líder da concelhia da Guarda do CDS-PP partilha destes argumentos em relação ao município da Guarda. Joaquim Canotilho garante que «não dá, nos tempos que correm, usar a estatística para defender o indefensável ou provar o improvável. Basta dizer que temos o quarto pior PIDDAC do país». Na sua opinião, os grandes responsáveis por esta situação são a autarquia e Ana Manso, deputada e vereadora, a quem acusa de querer «sacrificar os interesses da Guarda com o objectivo de ganhar a Câmara, praticando a política da terra queimada, no suposto de que, correndo mal as coisas, ela poderá ganhá-la um dia, é uma má política e vai dar muito mau resultado». Os deputados também não escapam às críticas de Canotilho, que quer saber «para que servem os parlamentares eleitos pela Guarda se mal defendem a nossa região».

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