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Perda de rim após cesariana motiva inquérito

Interrogatório será efectuado por especialistas externos ao CHCB

Especialistas do Colégio de Obstetrícia e Ginecologia da Ordem dos Médicos deverão chegar na próxima semana ao Hospital Pêro da Covilhã para dar início ao inquérito interno ao incidente ocorrido com uma paciente, que chegou a perder um rim na sequência de um parto por cesariana no início do mês de Agosto.

O bebé, que se encontrava numa posição difícil, acabou por provocar uma laceração no útero, a que se seguiu uma hemorragia. Só que ao ser estancada houve um «rompimento do uréter» (canal que conduz a urina do rim para a bexiga), explica Carlos Santos Jorge, obstreta responsável pelo parto, de 65 anos e mais 30 de experiência, actualmente presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Obstetrícia há sete anos. Uma lesão que é, aliás, «frequente» em cirurgias deste género e que estão «documentadas» pelos especialistas, tal como infecções, dilacerações, traumatismos de feto ou problemas amnésicos. Mas na maioria dos casos, o uréter volta a ser ligado pelos urologistas à bexiga sem haver a necessidade de retirar o rim. «Neste caso, não sei o que se passou», confessa o médico, explicando que essa decisão foi da responsabilidade do urologista chamado a intervir. «Imagino que não poderia ter feito de outra maneira, mas isso só ele poderá explicar», salienta, realçando que fez tudo ao seu alcance para que, perante a hemorragia, a paciente pudesse «estar viva» neste momento.

É que, contrariamente ao que as pessoas pensam, «qualquer intervenção tem riscos», principalmente numa operação «de grande cirurgia» como a cesariana. Neste caso, houve uma hemorragia que «foi resolvida no momento, caso contrário a pessoa tinha morrido», revela. «Mas em nenhum caso houve risco de vida», acrescenta. Apesar de «ainda não ter tido conhecimento de nenhuma queixa» por parte da paciente, Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira, decidiu instaurar um inquérito externo para poder apurar as causas da situação. Uma sugestão feita, aliás, pelo próprio obstreta, que desdramatiza a realização do inquérito: «Faz parte de qualquer administração saber o que se passou. Mesmo que houvesse um acidente com um motorista, esse inquérito seria realizado», exemplifica.

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