Desenvolver um plano estratégico para averiguar da possibilidade da aldeia do Colmeal poder vir a ser um pólo de atracção turística é a principal missão de um grupo de trabalho nomeado pela Assembleia Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo no final de Abril. O presidente do município não tem dúvidas das potencialidades desta sede de freguesia sem habitantes que tem a particularidade de por lá ter vivido a mãe de Pedro Alvares Cabral.
A aldeia, considerada de valor concelhio em 1968, foi palco de um caso único nos anais da justiça portuguesa, já que os habitantes foram despejados por ordem do tribunal, em Julho de 1957. Foi naquele ano que uma força de 25 praças e dois oficiais da GNR irrompeu pela localidade, que dista 14 quilómetros da sede de concelho, para cumprir um mandado judicial de despejo contra 13 famílias, que há séculos povoavam o lugar, em regime de foro, nas “propriedades dos Cabrais”. A acção de despejo acusava um antigo feitor, subarrendatário, de não pagar renda há quatro anos àquela que, segundo uma escritura de 1912, seria a nova e legítima proprietária dos terrenos dos herdeiros dos condes de Belmonte. Foi então que a povoação passou a ser uma aldeia fantasma. O autarca de Figueira explica que o grupo de trabalho – formado, por exemplo, pelos presidentes da Assembleia Municipal e da Junta de Freguesia e dois juristas – destina-se, «essencialmente, a preparar uma base estratégica» que possa vir a «determinar se a aldeia tem ou não potencial turístico».
António Edmundo aponta «a própria história do Colmeal», bem como «o encanto que tem» como factores que jogam a favor da aposta no turismo. Por outro lado, trata-se, segundo o autarca, de «um lugar único», sendo um «pequeno paraíso nas faldas da serra da Marofa e muito próximo do Vale do Côa». Tem, por isso, «um grande valor ambiental», enquanto que outra questão a explorar será o facto de «ali ter vivido a mãe de Pedro Alvares Cabral» como forma de aproveitar o «fluxo muito grande de turistas do Brasil que tem vindo a Belmonte». O edil reconhece que «é necessário melhorar as acessibilidades», adiantando que o município já tem projecto para «arranjar e asfaltar» a estrada até à aldeia. De resto, António Edmundo realça que há 20 famílias de descendentes de antigos habitantes que poderão «recuperar as suas antigas casas» e «apostar no turismo».
«Neste momento, o que estamos a fazer é tentar, a pouco e pouco, que sejam reconhecidos os bens públicos e as propriedades daqueles que hoje são os filhos e netos dos seus antigos habitantes», refere. À autarquia competiria depois proceder à recuperação dos arruamentos, dos vestígios da antiga igreja e do cemitério, bem como a colocação de energia eléctrica, uma vez que o Colmeal tem água. «Formal e juridicamente tudo é privado, exceptuando a igreja, os caminhos e o cemitério», daí que o grupo de trabalho vá reunir com o “proprietário” da aldeia, que reside em Lisboa. António Edmundo acredita que o plano estratégico ficará concluído «até ao Verão», dando lugar a um projecto que possa «levar vida onde ela não existe», com o «beneplácito do dono da quinta». O objectivo é transformar o Colmeal na «aldeia dos Cabrais», um pólo de atracção turística para ser visitado «por milhares de brasileiros», espera.
Ricardo Cordeiro
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