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Pequenas “grandes” bailarinas

Cerca de 104 alunas do Centro Cultural da Guarda subiram ao palco do auditório municipal

Atrás do palco, viviam-se momentos de algum nervosismo, as mais crescidas, que receberam o testemunho das que saíram no ano passado, ajudavam as pequenas. Entre “maillots”, saias, fitas de cabelo, collants e sabrinas, as pequenas bailarinas, dos 4 aos 18 anos, preparavam-se para o grande espectáculo. E enquanto algumas ensaiavam os passos mais complicados, as petizes entretinham-se com jogos. Poucos minutos antes de subirem ao palco dão-se os últimos retoques: enchem-se os cabelos de brilhantes. Nesta azáfama, meninos nem vê-los. Na plateia, os pais e familiares também estavam ansiosos por verem a prestação das suas “estrelas”.

Na sexta-feira e no sábado passado, cerca de 104 alunas das classes de ballet do Centro Cultural da Guarda, subiram ao palco do auditório municipal. Durante quase duas horas, as pequenas bailarinas mostraram as técnicas e os passos que aprenderam ao longo do ano lectivo. «Infelizmente, no final do ano houve algumas crianças que se lesionaram, por isso tive que entrar nalgumas coreografias», justifica a professora e bailarina Teresa Pais. Em palco, as aprendizes portaram-se à altura do acontecimento e apesar de alguns tempos “desencontrados”, tudo foi perdoado, pelos pais embevecidos. Apesar da falta de técnica, os elementos da turma de iniciação deu mostras de já começarem a conhecer o seu corpo. «Nas aulas há muito trabalho corporal, fazemos jogos, elas próprias se corrigem umas às outras, por vezes até me ensinam a mim», garante a professora, quejá dançava aos 4 anos. Depois há ainda as turmas de Intermédio e Avançado, «onde a aprendizagem já é mais a sério», refere Teresa Pais, há nove anos a ensinar a arte de dançar na Guarda, mas só há seis no Centro Cultural.

As mais “crescidotas” já têm que saber os nomes dos passos e distinguir o que são diagonais, paralelas, barras, o centro ou os eixos. Mas também as coreografias, como “Allegro” ou “Adágio”. Em pontas ou não, as classes mais experientes mostraram muita delicadeza e segurança nos movimentos, ao som de René Aubry, Vivaldi ou Mozart, que embalou o “solo” de Ana Rita Pardal. A segunda parte foi preenchida por dança moderna. «Mas todas têm formação clássica», ressalva a professora, mesmo para outros ritmos, «como o hip-hop, samba ou danças de salão, porque tudo parte da dança clássica». Durante hora e meia, uma vez por semana no Paço da Cultura, as alunas aprendem a fazer “pliés” ou os “pliés laterais”, «quando o calcanhar dá um beijinho ao outro calcanhar», costuma explicar Teresa Pais às suas alunas. Mas ainda há mais. As “pontinhas” dos pés, a colocação das mãos, a postura, a projecção do peito ou a colocação do pescoço. Várias posições que acabam por ter repercussões no dia-a-dia das crianças: «Há hora da refeição ou na escola têm uma postura diferente, na educação física têm mais elasticidade», exemplifica. Actualmente não há nenhum rapaz nas suas aulas. «Já houve e foi um sucesso, eram os reis das turmas», assegura a professora, responsabilizando «a sociedade e o preconceito de que o ballet é só para as meninas» pela escassa participação masculina. As inscrições para o próximo ano estão abertas até Setembro, para ambos os sexos, a partir dos 4 anos de idade.

Patrícia Correia

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