Arquivo

Penso

Se haverá alguém que não tenha sentido já o tédio de ter tempo livre e de não saber como o ocupar? Para os que vivem na cidade (será o caso do leitor?) esta é uma preocupação sentida. O que fazer com o tempo livre? Como ocupar uma manhã ou uma tarde de um fim-de-semana qualquer? Que volta, nunca dada, haverá ainda para dar? Para quem, como eu, o passeio ou o exercício moderado (não conotem sff) é sempre uma opção a considerar, por vezes torna-se aflitivo dar uma resposta efectiva. Por ali já fui. Por além, ainda há pouco se passou. Rua abaixo, rua acima, os caminhos parecem esgotados e impossíveis de emprestar emoções ou novidades de maior. E o descobrir de novas rotas (não digo fronteiras!), torna-se cada vez mais um quebra-cabeças (coluna deste jornal que vale a pena ler) sem solução à vista.

Foi mais ou menos este pensamento que esteve na origem da minha experiência extra-muros da Guarda. E foi neste contexto que me lembrei da notícia sobre a inauguração de um percurso pedestre aquando da estadia do Presidente da Republica, Jorge Sampaio (se não estou em erro há dois anos atrás), na nossa região. E ainda bem que me lembrei, digo-o agora depois de o ter experimentado. Com uma breve (Internet) investigação, descobri que o percurso, chamado a “rota dos galhardos” (um nome que segundo uma placa do PNSE, deverá significar demónios, por ter sido construída sobre um percurso muito acidentado) começa e acaba em Folgosinho. Daí até à experiência in loco foi um passo. Mas o que dizer ou relatar agora ao leitor? Em primeiro lugar não posso deixar de registar a grande cortesia dos habitantes, verdadeiras sentinelas, sempre prontas e atentas a elucidar o turista acidental, fosse sobre o percurso dos galhardos ou o dos Galhanos (a explorar em futuras expedições).

Mas entremos no percurso propriamente dito. Os 11,2 Km são algo acidentados. A imagem é a de um carreiro de cabras. Só que….. as paisagens são de cortar a respiração. Selvagens e luxuriantes. Há partes com muitos castanheiros (a deixarem antever um Outono magnífico), há troços de calçada romana. E mais não digo! Que melhor opção para quem quer fazer exercício tendo como fundo uma paisagem soberba em vez das corriqueiras caminhadas na cidade? Ainda por cima quando nesta não há passeios ou quando os que há estão cheios de buracos? Este percurso encontra-se bem sinalizado. As indicações, profusas e acertadas fazem com que o mais distraído dos caminhantes se não perca. E é a pensar nas virtudes, mais do que nos defeitos (mais divulgação, mais informação) que dou comigo a pensar que aqui bem perto da cidade temos o “Tintinolho”, temos o “Cabeço das Fráguas”, temos o “Caldeirão”. Que não se encontram sinalizados. Que qualquer pessoa ao iniciar aí uma caminhada o mais certo é perder-se. Penso então, para quando os percursos pedestres nesta cidade e arredores? E penso ainda que essa seria uma boa forma de se não verem grupos de pessoas a caminharem pela Viceg. Para quando? Penso.

Por: Fernando Badana

Sobre o autor

Leave a Reply