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Pedidos de ajuda à Caritas da Guarda duplicaram desde Novembro

Se as solicitações continuarem a aumentar, a instituição poderá não conseguir dar resposta a todos os casos

O número de pessoas a recorrer à Caritas Diocesana da Guarda, à procura de ajuda na alimentação e roupa, duplicou desde Novembro do ano passado. A situação é de tal ordem que, a manter-se esta tendência, a instituição poderá não conseguir dar resposta a todas as solicitações e esgotar os seus recursos até ao Verão, avisam os responsáveis.

A Guarda aparece como um dos casos mais preocupantes a nível nacional, registando das mais graves situações de pobreza a par de Beja, Évora, Setúbal, Viana do Castelo, grande Lisboa e grande Porto, onde os pedidos também subiram na ordem dos 50 por cento. A estrutura guardense, que, em Outubro, era solicitada por duas a três pessoas no atendimento disponível todas as terças-feiras, passou a ter nunca menos de cinco novos casos semanais. A média mensal indica que 25 pessoas se dirigem à instituição todos os meses com o intuito de conseguirem recursos para suprir as suas necessidades mais básicas. «Se a tendência for o aumento e se as condições de resposta forem as actuais, então podemos dizer que os recursos poderão “secar” até ao Verão», antevê o secretário da Caritas da Guarda, Paulo Neves, que diz sentir que «os problemas estão a aumentar». No entanto, o responsável considera que o caso da Guarda «não deverá ser assim tão alarmante» no panorama nacional.

Isto porque, das 20 Caritas diocesanas do país, há algumas «que têm falhas ao nível dos registos e carecem de organização», o que «leva a que haja uma leitura oficial e uma leitura real, que podem não coincidir». Por outro lado, Paulo Neves diz esperar contar com mais solidariedade por parte de quem tem possibilidades financeiras para fazer donativos. «Veja-se o caso do Banco Alimentar, que conseguiu uma boa campanha, ou seja, assistimos a um aumento da solidariedade, apesar da crise que se sente», exemplifica. De acordo com dados da instituição, as solicitações de ajuda sofreram «um aumento bastante significativo» a partir de Novembro do ano passado, mas foi em Dezembro e Janeiro que se registou o grande pico da procura. Nestes dois meses, a assistente social da Caritas, Marta Rainha, chegou a atender 15 pessoas num só dia. A explicação para estes números estará nas empresas que entraram então em “lay-off”, caso da Dura e da Sodecia.

Relativamente ao mês de Maio, «houve uma ligeira diminuição dos pedidos, com 17 atendimentos», refere Marta Rainha, para quem este terá sido «um mês excepcional», até porque «a tendência será continuarem a aumentar». Actualmente, existem 109 processos, o que corresponde a perto de 300 pessoas em apoio. Além dos pedidos de ajuda para alimentação e roupa, a Caritas tem ainda prestado auxílio a algumas famílias no pagamento de contas de baixo valor, como a luz ou água, e em despesas com saúde mediante receitas médicas. Ainda segundo dados oficiais, os beneficiários de Rendimento Social de Inserção (RSI) com gastos elevados em saúde e habitação, os desempregados, os trabalhadores com «empregos muito precários», as famílias monoparentais e as mulheres em situação de abandono por parte dos companheiros – que lhes deixaram encargos com filhos, despesas e dívidas – são alguns dos casos mais frequentes de pedidos de auxílio.

Assistente social da Caritas já chegou a atender 15 pessoas num só dia

Pedidos de ajuda à Caritas da Guarda
        duplicaram desde Novembro

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