A Direcção da Organização Regional da Guarda (DORG) do PCP considera que os benefícios fiscais anunciados por José Sócrates, há duas semanas, «estão muito longe de compensar as medidas negativas contra as regiões do interior, nomeadamente o distrito da Guarda».
Reunidos no último sábado, os comunistas consideram a medida uma «cedência de migalhas». É que «a chamada discriminação positiva que o primeiro-ministro anunciou no âmbito do IRC apenas abrange cerca de 13 por cento das empresas do país (1,3 por cento das quais no distrito) e oito por cento da colecta nacional deste imposto», calculam. Nesse sentido, segundo os dados de 2005, no distrito foi recolhido apenas 0,4 por cento do total do IRC nacional, cerca de 9,2 milhões de euros, pelo que o PCP estima que a redução da taxa de IRC vale apenas «cerca de 500 mil euros de poupanças» para as empresas da região. «Assim se comprova que a incidência desta medida é apenas residual e insuficiente para compensar o diferencial de mais cinco por cento do IVA, bem como o elevadíssimo imposto sobre os combustíveis, relativamente à vizinha Espanha», contrapõem.
Outra das questões levantadas pela DORG do PCP é o encerramento de mais 40 escolas este ano no distrito. Somadas às 100 fechadas no ano lectivo anterior, a situação é considerada «um verdadeiro crime contra o sistema educativo e as populações desta região», argumentam. Os comunistas sublinham que esta solução «prejudica alunos, professores e a qualidade de ensino, além de ser um forte motivo para aprofundar a desertificação das aldeias». Já na saúde «a política de encerramento de serviços públicos» e a «transformação da saúde em negócio» também foram criticadas pelo PCP, que não esquece o agravamento das listas de espera e as carências de profissionais nos hospitais e centros de saúde do distrito.