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Paz social

Editorial

1. O governo mudou o horário de trabalho da função pública para 40 horas e isto vai conduzir a mais contestação ao governo. Ainda assim, e apesar das vozes críticas dos sindicatos e as paralisações agendadas, o que é evidente é que a contestação é mais sobre a forma do que em relação ao conteúdo.

A forma como o governo destrata a generalidade dos funcionários público, numa constante falta de respeito para com a sua dignidade e brio profissional é muito mais inadmissível do que o alargar o horário de trabalho. O governo trata os funcionários públicos como se fossem uns malfeitores desqualificados, o que é inaceitável, mesmo não havendo dúvidas de que muitos terão de certa forma contribuído para uma imagem de falta de profissionalismo ou sentido de responsabilidade ou brio.

2. A greve aos exames que os professores estão a fazer é um tremendo erro e um oportunismo inadmissível. Os professores, inclusive depois de receberem a garantia de adiamento da aplicação da mobilidade especial aos docentes, não abdicaram do seu direito e irão prejudicar gravemente os jovens estudantes. É precisamente por posições como esta que, cada vez mais, e mesmo num período de contestação ao governo cada vez mais generalizado, as pessoas que não sendo professores consideram incompreensíveis as greves que todos os anos se fazem neste período. É precisamente pela reincidência de posições como esta que os funcionários públicos têm um selo e uma imagem cada vez mais negativa na sociedade. Já é tempo dos professores trilharem outros caminhos na luta pelos seus direitos, até porque esses direitos conflituam com os direitos da maioria das pessoas, em especial com os direitos das crianças e dos pais. Quem não percebeu que o mundo mudou… anda muito distraído. O mundo mudou e muito. E são os jovens quem está a sofrer mais com essas mudanças, em especial porque a geração dos pais não aceita que as mudanças são para todos.

3. O projeto do novo hospital da Guarda foi dividido em duas partes: a primeira fase no terreno desde maio de 2009 está quase concluído e com a “mudança” para as novas instalações iniciada; a segunda fase foi suspensa em dezembro último pelo ministro Paulo Macedo. Perante isto, a Câmara Municipal da Guarda há muito que devia estar a defender o cumprimento integral do projeto do novo hospital Sousa Martins. Fê-lo na última reunião do executivo com uma moção, apresentada por Virgílio Bento, a apelar ao governo que cumpra o compromisso. Da segunda fase, faz parte a requalificação dos antigos pavilhões D. António de Lencastre e Rainha Dona Amélia que, independentemente da intervenção lançada em 2009, são património de interesse público cujo abandono é inadmissível.

Luis Baptista-Martins

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