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Paulo de Oliveira derrota Aníbal Ramos na aquisição da Nova Penteação

Depois do aval dos credores, a proposta do empresário está ainda sujeita a acordo com os trabalhadores

Está em vias de terminar o impasse à volta da recuperação da Nova Penteação, cujo processo tem vindo a arrastar-se há meses pelos sucessivos adiamentos de assembleias de credores e a apresentação de inúmeras propostas dos interessados. Depois de muitas tentativas, o empresário Paulo de Oliveira conseguiu conquistar a maioria dos credores da empresa, que até à última segunda-feira tinham aprovado a proposta de viabilização com 68 por cento dos votos. «O suficiente para ganhar», explica o gestor judicial Victor Simões, tendo em conta que o mínimo para a proposta ser aprovada era conseguir 66,6 por cento dos votos, o que corresponde a dois terços dos credores.

Contudo, a proposta de viabilização da empresa de lanifícios está ainda condicionada a um acordo com os trabalhadores, para o qual o dono da “Paulo de Oliveira S.A.” e de “A Penteadora” disponibiliza 1,5 milhões de euros para negociar com os operários, acrescendo essa verba aos subsídios e apoios a que legalmente tenham direito. Uma “cláusula” que o empresário sempre colocou nas suas propostas que foram dadas a conhecer aos credores ao longo das várias assembleias, mas que poderá criar entraves ao processo de recuperação uma vez que nunca referiu com quantos trabalhadores, dos 460 que a empresa possui, quer negociar, sendo que 300 estão até ao final do mês ao abrigo do Programa FACE do Plano de Intervenção para a Beira Interior (PIBI). O presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB) acredita que não haverá «custos sociais» para os trabalhadores. «Parto do princípio que, tendo obtido os votos da Segurança Social e do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI), não haverá custos sociais», refere Luís Garra, que não consegue conceber que «depois de ter gasto dinheiro com o FACE, o Governo ainda tenha dinheiro para os mandar para o desemprego», aumentando assim os custos da Segurança Social. Mesmo assim «espera para ver» o que acontecerá, adiantando que os direitos dos trabalhadores têm que ser «respeitados», ainda para mais quando têm em atraso parte do salário de Agosto, parte do subsídio de férias e o salário de Setembro.

O aumento de 11 para 12 por cento dos créditos e a garantia de que aceita fazer parte da administração da Nova Penteação e fiação da Covilhã, S.A., em regime de gestão controlada foram as únicas novidades que Paulo de Oliveira apresentou nesta última proposta. A vontade em assumir o comando da empresa terá sido mesmo um dos “trunfos” do empresário laneiro, que conta já com uma reputação considerável em tornar em casos de sucesso as empresas em risco de falência, como é o caso da Penteadora de Unhais. De resto, o empresário continua a comprometer-se com o pagamento integral dos 154 mil euros de dívida ao Estado, a redução de1,9 milhões de euros da dívida ao Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social para 236 mil euros – que serão pagos num prazo de 25 dias – e a redução do Fundo de Garantia Salarial para 250 mil euros. Pelo caminho ficou Aníbal Ramos, ex-administrador da “Nova Penteação”, que apesar de garantir o pagamento ao Estado e à Segurança Social na totalidade, não conseguiu conquistar o voto dos credores. Os resultados oficiais vão ser divulgados hoje à tarde, em Assembleia de Credores, onde poderá ficar ainda definido o futuro dos trabalhadores. Apesar das tentativas de “O Interior”, o empresário Paulo de Oliveira não quis revelar por enquanto quaisquer dados sobre o assunto.

Liliana Correia

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