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Paul Ehrlich

Mitocôndrias e Quasares

Na descoberta de cientistas pouco mediáticos mas que contribuíram decisivamente para a evolução da ciência, esta semana vamos focar a atenção em Paul Ehrlich.

Este cientista contribuiu decisivamente para o estudo do nosso sistema imunitário ao procurar encontrar as melhores formas de defender o corpo dos organismos invasores, sendo que para tal é essencial descobrir os métodos naturais de defesa do nosso próprio organismo. Olhemos então para o trabalho deste cientista.

Nas proximidades de um foco de infeção começam a agregar-se monócitos, macrófagos e linfócitos que ingerem e eliminam os agentes infeciosos ou o material estranho que tenha entrado com a lesão. Embora atualmente este conhecimento esteja disponível nas escolas de medicina de todo o mundo nem sempre esteve ao alcance de todos, e Paul Ehrlich foi um dos primeiros cientistas interessados nos mecanismos de funcionamento do nosso sistema de defesa.

O bacteriólogo e imunologista nasceu em 1854 num território da atual Polónia. Os seus primeiros trabalhos concentraram-se na utilização de corantes para realizar colorações histológicas e a sua tese de doutoramento baseou-se precisamente nos estudos de procedimentos para tingir tecidos animais. Em 1882 tornou público um método para tingir o bacilo da tuberculose que, com modificações de Franz Ziehl e Friedrich Neelsem, continua a utilizar-se hoje em dia. Posteriormente dedicou-se à imunologia e concentrou-se no estudo da forma como os organismos produziam antitoxinas para a sua defesa contra as toxinas microbianas, génese da ideia de anticorpos.

Em especial, pretendia compreender o fenómeno e as leis biológicas que o regiam. Numa de suas experiências com corantes, Ehrlich notou que, ao injetar azul de metileno na veia da orelha de um coelho, o corante difundia-se mas tinha tendência a ficar concentrado em células ganglionares. Este comportamento foi o primeiro para Ehrlich imaginar a possibilidade de que algum corante pudesse fixar-se seletivamente em microrganismos. Esta foi a ideia inicial do conceito que chamou de Magisken Kuger, a “Bala Mágica”, que definiu como sendo a substância capaz de encontrar o micróbio onde quer que ele estivesse e destruí-lo sem causar danos ao organismo.

Para além disso, mediante a utilização de certas moléculas (toxinas) que usou como antigénios pôde diferenciar a imunidade ativa da passiva e também reconhecer a transmissão imunitária entre mãe e filho. As suas investigações no campo da imunologia levaram-no a interessar-se pela quimioterapia e, no final do século, desempenhou a função de diretor do Instituto Real de Terapia Experimental em Frankfurt.

Trabalhou sobre o tratamento das tripanossomíases, mas destacou-se pela sua descoberta de dois compostos para a terapia da sífilis: o Salvarsan e o Neosalvarsan. Por fim, de salientar que nos últimos anos da sua vida dedicou-se ao estudo do cancro, tendo, ao longo da sua carreira de investigador, obtido várias menções académicas importantes, entre as quais o Prémio Nobel da Medicina em 1908.

Por: António Costa

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