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Património cultural: o ano das requalificações

Opinião – Ovo de Colombo

2015 será um ano marcante para o património cultural nacional, quer pela conclusão de vários projetos encetados anteriormente, quer pelo início de outros, especialmente no que concerne à abertura de novas instalações museológicas e à recuperação de património imóvel emblemático.

No que diz respeito a instituições museológicas, três das mais importantes terão as suas instalações requalificadas, encerrando muita da celeuma que ocupou o meio cultural português nos últimos tempos. O acontecimento do ano será a inauguração do novo Museu dos Coches, prevista para 23 de maio – data do seu 110º aniversário –, a poucos metros do Palácio de Belém, num edifício construído de raiz (39 milhões de euros) e já terminado em 2012.

Seguimos com os dois grandes museus nacionais há muito a precisar de decisões efetivas: o Museu Nacional de Arte Antiga reabrirá o terceiro piso após intervenção e a tão premente ampliação do Museu Nacional de Arte Contemporânea para as salas contíguas do antigo Governo Civil, ambos ainda sem datas oficiais. O Museu da Música é outro dos principais projetos, tal como os anteriores envolto em debates e controvérsias nas últimas décadas (resumidamente entre a ampliação/remodelação das estruturas atuais ou instalação em novo local). Instalado desde 1994 na estação de metro do Alto dos Moinhos (imaginem as condições, especialmente para a conservação da coleção!), o Museu da Música andava à procura de nova casa, uma vez finalizado o protocolo com o Metropolitano de Lisboa. E lá se recuperou a ideia de instalar o Museu no Palácio de Mafra, cujo concurso para o plano de adaptação (estimado pela DGPC em 6,5 milhões de euros) deverá incluir o restauro dos carrilhões.

Quanto a intervenções no património imóvel, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) definiu como prioridades para 2015 a conclusão das obras em mosteiros classificados pela UNESCO – Tomar, Alcobaça e Batalha –, a intervenção na igreja de Santa Clara de Santarém e o projeto de conservação e restauro da cobertura da igreja dos Jerónimos. É importante salientar que estas campanhas de conservação e restauro são ótimas oportunidades para estudar estes monumentos de um ponto de vista interdisciplinar, descobrindo-se novos dados e trazendo a luz novas interpretações histórico-artísticas. Esse foi precisamente o mote para um encontro científico dedicado à Charola de Tomar, realizado em janeiro na Universidade de Lisboa.

Claro que a estes projetos falta acrescentar as sempre necessárias beneficiações do Palácio da Ajuda e a intenção por parte da DGPC em, por fim, concluir a fachada poente do edifício, pensando no futuro Museu das Joias e Pratas da Coroa Portuguesa.

Para terminar, gostaria ainda de referir o completo programa de recuperação do Palácio Nacional de Queluz levado a cabo desde janeiro pela Parques de Sintra, orçamentado em 2,8 milhões de euros, e que trará algumas novidades cromáticas… Mas esse assunto ficará para uma próxima ocasião.

Tânia Saraiva*

* Historiadora e crítica de arte. Professora universitária.

Charola do Convento de Cristo, teto do tambor central

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