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Passos Coelho vaiado em Gouveia

Centenas de manifestantes apuparam o primeiro-ministro, de visita à Feira Regional do Queijo Serra da Estrela

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi vaiado em Gouveia, no passado domingo, por centenas de pessoas, entre sindicalistas, elementos da Comissão de Utentes Contra as Portagens na A25, A23 e A24, trabalhadores da PSA de Mangualde (que irá dispensar 350 trabalhadores em Abril) e alguns populares.

Os manifestantes concentraram-se em frente ao mercado municipal, onde Passos Coelho visitou a Feira Regional do Queijo Serra da Estrela. À saída, e no percurso entre o certame e o pavilhão da ex-Bellino & Bellino, onde estava a decorrer a ExpoSerra, o primeiro-ministro foi assobiado e ouviu palavras de ordem contra as portagens e o FMI. No meio da confusão, Passos Coelho aproximou-se da multidão para tentar chegar à fala com os manifestantes, tendo dialogado com alguns populares, que criticaram a sua governação e as medidas de austeridade decretadas. Depois da agitação, em declarações aos jornalistas, Passos Coelho garantiu ter encarado a manifestação «com muita naturalidade» por haver «ocasiões em que as pessoas querem expressar a sua insatisfação e descontentamento, para mostrarem que estão a viver com dificuldades. E, nessas ocasiões, gosto de me inteirar do que se passa e de estar ao pé das pessoas para lhes dizer que sei bem quais são as dificuldades que o país atravessa».

O primeiro-ministro disse ainda que foi falar com os populares porque «é obrigação de um chefe de Estado ouvir o que as pessoas têm para dizer e dar-lhes uma palavra de confiança para que não desesperem, nem percam a esperança no futuro». E acrescentou que «um primeiro-ministro tem de estar sempre preparado para tudo, tanto para palavras de apoio como para palavras de preocupação», referindo que «as manifestações fazem parte de um regime democrático». Quanto à situação do país, Passos Coelho adiantou que «está previsto para o final deste ano o início de uma inversão de ciclo» e que 2013 poderá ser já «um ano em que, gradualmente, a economia portuguesa vai começar a crescer». «Não há nada até hoje, dos indicadores de que dispomos, que nos alerte para uma dificuldade com que não estivéssemos a contar», acrescentou.

No entanto, o primeiro-ministro avisou para um «aumento certo» do desemprego nos próximos meses. «Em Dezembro de 2011, o país encerrou o ano com uma taxa de desemprego de 12,7 por cento e a previsão do Governo é que essa taxa possa ainda crescer até aos 13,5 por cento durante este ano. É algo natural, uma vez que há efeitos recessivos que ainda se estão a manifestar», afirmou. Por sua vez, o presidente da Câmara de Gouveia agradeceu a disponibilidade de Passos Coelho para visitar a feira do queijo, considerando-a «um estímulo para o evento». De resto, Álvaro Amaro desvalorizou os assobios com que o chefe do Governo foi brindado e preferiu destacar o contacto com os produtores. Mas o edil também aproveitou para salientar a importância para a cidade da construção do IC7, tendo pedido ao primeiro-ministro que, «quando houver a luz de esperança da retoma económica, se avance para a concretização da obra».

Fábio Gomes Passos Coelho ouviu as preocupações dos produtores de Queijo Serra da Estrela

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