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Passeio aleatório

Mitocôndrias e Quasares

A notícia avançada pela NASA sobre o desaparecimento de cerca de 97% da cobertura de gelo da superfície da Gronelândia durante o mês de Julho é importante, não pelo facto de ter ocorrido o degelo, mas sim pelo valor do desaparecimento da cobertura. Dito de outro modo, no verão, cerca de metade da cobertura de gelo da Gronelândia derrete naturalmente. Normalmente, a maior parte desse gelo derretido volta a congelar rapidamente em altitudes mais elevadas. Nas zonas costeiras parte dele é retido pela cobertura de gelo e o restante vai para o oceano. Contudo, este ano, a extensão do degelo na superfície, ou perto dela, aumentou dramaticamente.

Cientistas ainda precisam determinar se o degelo, que coincidiu com uma pouco habitual onda de ar quente sobre a Groenlândia, contribuirá com a elevação do nível do mar. Esta informação recolhida ainda permitiu concluir que este degelo pouco habitual se ficou a dever a uma anormal onda de ar quente que se instalou nesta região do globo, não sendo possível ainda determinar a influência na subida dos níveis da água do mar. Apesar desta incerteza, o planeta começa a dar sinais que algo poderá estar para mudar,

A Terra, como os outros planetas, resulta provavelmente de uma aglomeração de gases e poeiras que estavam em órbita em torno do Sol. A pressão desta aglomeração somada à radioatividade de alguns elementos, libertava um intenso calor. Durante muito tempo a superfície da Terra possuiu uma grande quantidade de vulcões ativos, libertando um fumo espesso.

A atmosfera primitiva, desprovida de oxigénio, era principalmente constituída por vapor de água, metano e amoníaco. Estes dois últimos compostos, dissociados pela luz solar, foram substituídos pouco a pouco por gás carbónico e azoto. O oxigénio apareceu há cerca de mil milhões de anos, após os vegetais primitivos terem começado a fotossíntese. Abandonando a origem da Terra e centrando o texto nas caraterísticas deste planeta é de salientar, que este é uma esfera ligeiramente achatada, com um diâmetro de cerca de 12 800 km. Tem um volume de 1 bilião e 80 mil milhões de km3 e uma massa de 6×1024 kg. A densidade das rochas à superfície terrestre apresenta o valor de 2,8 ao passo que a densidade global do planeta é de 5,5, o que permite concluir que certas partes do interior da Terra são mais densas do que a superfície. As extensas regiões de gelo próximas dos pólos designam-se por inlandsis, que formam as calotes polares. O inlandsis da Gronelândia, onde agora ocorreu este surpreendente degelo, cobre uma extensa superfície continental. Em certas cadeias montanhosas encontram-se imensas massas de gelo, chamadas glaciares, que correm lentamente sob a ação das forças gravitacionais.

Em certas épocas a Terra era mais fria do que hoje e, no hemisfério norte, o gelo cobria imensas porções da América do Norte e da Europa. A última idade glaciar terminou há 10 000 anos. Os inlandsis e os glaciares causam uma erosão glaciar importante, que se carateriza por lagos cheios de água do degelo, vales em U, fiordes, rochas arredondadas, bem como blocos erráticos e amontoados de rocha ou de areia deixados pelos gelos desaparecidos.

Ao discorrer neste texto sobre a possível origem da Terra, sobre algumas características deste planeta, procuro transmitir a singularidade da adaptação de toda esta matéria orgânica e inorgânica ao longo destes milhões de anos. Observa-se na história deste planeta um “passeio aleatório”, conceito este que foi desenvolvido por Maxwell para explicar o movimento das partículas atómicas que, ao chocarem umas com as outras, descrevem um movimento errático, afastando-se sempre da posição inicial. Também o planeta Terra foi alterando a sua trajetória atendendo às alterações que ia sofrendo, mas nunca regressando à posição inicial. Cabe-nos procurar, com as nossas atitudes, não acrescentar mais desordem à entropia já existente, deixando o planeta avançar no seu passeio.

Por: António Costa

Passeio aleatório

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