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Páscoa gera poucas expectativas nos feirantes de Trancoso

Comerciantes falam num fraco volume de negócios que dificilmente a Páscoa poderá alterar

O comércio de rua também se recente do clima de crise económica. A feira semanal de Trancoso, tradicionalmente tida como uma das mais fortes da região, já não tem o fulgor de outros tempos, e quem ali vende dá conta de fracas vendas e mostra poucas expectativas em relação a melhorias que a Páscoa possa trazer.

Maria Eugénia Simões, comerciante de cerâmica, diz que o negócio está «fraquíssimo». «Tem vindo a quebrar de ano para ano, e é pior de mercado para mercado», refere. «Mesmo aqui a feira de Trancoso, que era bastante forte, está fraca e ao nível de todas as outras», acrescenta. Esta comerciante recorda os tempos em que «havia vendedores de frangos, feijão e outros produtos, que vinham para aqui e faziam com que se juntasse muita gente». Desde que saíram daqui, o mercado morreu bastante, não vale uma terça parte, diz com tristeza.

Em relação à Páscoa, Maria Eugénia Simões diz que não antevê melhorias. «Antes contava-se com isso, sim; agora, até pode significar melhorias, mas duvido. O melhor é não alimentar expectativas», conclui, porque «está tudo cada vez pior, e tanto faz que seja Páscoa como outra altura qualquer».

Para Maria José Santos, a situação não é melhor. «O negócio está muito mau, nunca se vendeu tão pouco. Para quem vende, a situação está muito complicada», afirma. Esta comerciante diz que a principal causa é não haver dinheiro, «e como se costuma dizer, sem dinheiro não há festa». «Os clientes têm tão pouco poder de compra que, às vezes, até o preço de uma colher de pau regateiam», conta. «A situação é má em todas as feiras, e aqui em Trancoso, apesar da fama, o volume de negócios também não compensa», diz. Maria José Santos defende que «se nós, os comerciantes, estivéssemos mais juntos, talvez fosse melhor, mas acontece que esta feira está como que segmentada em três secções, e isso não ajuda».

Quanto à páscoa, «é uma coisa incerta», diz.«É certo que vem mais gente, até porque há o feriado de sexta-feira, mas tal não significa que se venda mais», sublinha.

Norberto Pereira comercializa vestuário, e diz que o negócio «está de rastos, muito fraco mesmo, e cada vez pior, sobretudo nas feiras». «Nós aqui não ganhamos nem para a despesa que vimos fazer, e em relação a esta feira, posso afirmar que Trancoso, apesar da boa fama, tem um dos mercados mais fracos da região» afirma. «Há semanas em que uma pessoa vem cá só para marcar presença, e não ganha sequer para meter gasóleo ao carro», refere, destacando que «o povo vem à feira, põe-se a olhar para a mercadoria mas não tem dinheiro para comprar».

Este comerciante acredita que a Páscoa «pode melhorar o negócio, pois costuma ser um bocadinho melhor nos outros anos», mas lembra que «mesmo assim não compensa todos os outros mercados de vendas reduzidas ou mesmo nulas».

«A Feira de Trancoso já não tem a força de outros tempos», dizem os comerciantes

Páscoa gera poucas expectativas nos feirantes de Trancoso

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