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Parque Urbano no Rio Diz a “passo de caracol”

Projecto ambicioso do PolisGuarda continua por concluir ao fim de seis anos

Constituía um dos projectos mais arrojados do programa Polis. Porém, e ao fim de seis anos, o ambicioso Parque Urbano do Rio Diz acabou por ser uma desilusão para os guardenses. Inicialmente devia estar concluído no final de 2004, mas, até agora, pouco ou nada se fez naquela área de 85 hectares ao longo do rio Diz.

É certo que houve alguns bloqueios e corte de verbas no âmbito do programa de requalificação e reabilitação das cidades, mas, mesmo assim, esperava-se mais desta obra grandiosa que actualmente apenas possui um Iglódromo – que tem servido pouco – e um parque infantil, em fase de ultimação. O parque urbano foi sugerido no Plano Estratégico da cidade em 1996 e imaginado durante as autárquicas de 1997 no seio da candidatura de Maria do Carmo Borges. Mas só em 2000 é que o projecto começou a constituir-se como realidade ao integrar o plano de acção do Polis na Guarda. Para al, estava programada a construção do Museu da Água, um Centro de Interpretação da História de Portugal, um Museu dos Têxteis, um Jardim da Ciência, lagos artificiais com docas para gaivotas, uma praia fluvial, vários percursos pedonais e de bicicleta, uma área comercial e vários parques de estacionamento. A maioria destas propostas foi caiu por terra, até porque não se sabe quem vai concluir a segunda fase da intervenção após o fim da PolisGuarda.

Quanto à primeira, tem uma área de 18 hectares onde vai nascer o parque infantil, sob o tema “O Pópis no Espaço”. Este equipamento, que será o “ex-libris” do parque urbano possível, devia estar pronta no final do Verão, mas as obras ainda decorrem, desconhecendo-se se poderá ficar concluído no primeiro trimestre de 2007. O espaço terá equipamentos alusivos à exploração espacial, disseminados por 17 ilhas de diversão, que apelam ao imaginário dos mais novos e em cujo centro ficará uma fonte interactiva que representa o sistema solar. A obra irá dispor ainda de uma ludoteca, com biblioteca e ateliers, um salão para festas e actividades e um bar. A empreitada está orçada em cerca de dois milhões de euros. Ali existirá ainda o Jardim dos Ambientes, onde, em cerca de 20 quadrados, serão plantadas espécies de plantas e árvores de uma forma diferente. Quanto à segunda fase, que engloba as restantes obras, terá que aguardar provavelmente pelas verbas no âmbito do próximo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

Museu da Água abandonado

Arrojado e surpreendente, o projecto do Museu da Água iria ser uma verdadeira revolução na imagem do museu tradicional caso tivesse ido avante. As limitações orçamentais ditaram o abandono do projecto, que iria ser, sem dúvida, o grande “ex-libris” do Parque Urbano do Rio Diz. Previa-se que o equipamento surgisse próximo da via de acesso à cidade e ao IP5, junto a um espelho de água formado por um pequeno dique na junção do Rio Diz e de um afluente. O responsável pelo esquisso, o arquitecto Alexandre Burmester, idealizou uma estrutura com 250 metros de desenvolvimento linear, ao longo do qual o visitante era chamado a fazer um percurso relacionado com o parque e o ciclo da água. Este elemento e o sol seriam as fontes de energia de um museu onde o visitante iria mergulhar no lago, sob o qual descobriria grutas e assistiria a um filme sobre a história de uma gota de água. Até lá, num percurso didáctico e recreativo, as pessoas passariam por um tubo de betão com o céu como cenário. Depois, eram transportados por um tapete rolante movido pela força da água e gerado pela energia solar. O projecto, uma verdadeira obra-prima da arquitectura moderna e futurista, nunca chegou a ser posto a concurso.

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