O candidato do PSD à câmara da Guarda é o Manuel Rodrigues. Não, afinal é o Álvaro Amaro, ou o João Prata, ou então o Júlio Sarmento, ou até o Manuel Rodrigues. Afinal já não é o Álvaro Amaro, nem o Manuel Rodrigues, é o Carlos Pinto (no primeiro de Abril). Não, afinal é o Júlio Sarmento, perdão, o Álvaro Amaro, este agora oficialmente, que até saiu no Público.
É claro que as proclamações oficiais do PSD não têm necessariamente de ser levadas a sério. As coisas hoje são uma coisa e amanhã podem ser outra. Anda todos se lembram de quando o Passos Coelho, na oposição, dizia não ser possível aumentar os impostos e que o governo de Sócrates deveria diminuir a despesa, adiantando, sem especificar, saber muito bem como fazê-lo quando fosse governo – para agora esmagar o país com uma carga obscena de impostos. Ou como a crise iria terminar em 2013 (parece que vão ser mais uns anos, segundo Vítor Gaspar). Ou o cómico processo de escolha do candidato à Câmara Municipal da Guarda.
Há outra coisa: a escolha é oficial mas pode não ser definitiva. É que Amaro cumpriu já os três mandatos consecutivos que a lei de limitação de mandatos lhe concede, não podendo por isso ficar tranquilo enquanto houver dúvidas sobre esta quarta candidatura, mesmo após uma hipotética eleição. Mais uma vez poderá haver uma decisão judicial, agora na Guarda, a atravessar-se no caminho do PSD.
Última questão: como acha o PSD que o eleitorado da Guarda irá reagir à ideia de ter um forasteiro como presidente da sua câmara municipal? Pensará que a nossa auto-estima desceu tão baixo que pensamos mais valer sermos governados por alguém de fora? É claro que, no fundo, é o que está a acontecer ao próprio país, mas isso é para nossa vergonha geral. Acreditar que a gente da Guarda estaria disposta a ser submetida a uma dupla vergonha, como se fosse um protectorado dentro de um protectorado, depois de ver ser maltratado um dos seus, Manuel Rodrigues, é de uma gigantesca e simplória credulidade. A não ser que Álvaro Amaro seja para queimar ou traga na cartola um coelho melhor do que o de São Bento.
Por: António Ferreira
