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Para onde caminha a RCC?

Menos que Zero

Desde o início de Abril que os jornalistas da RCC devem sujeitar a agenda semanal da rádio à aprovação do coordenador de estação. Só em situações excepcionais – certamente definidas por esse mesmo coordenador ou seu superior – os jornalistas podem fazer outras saídas em serviço.

Qualquer pessoa minimamente esclarecida percebe que isto não é mais do que uma tentativa de controlar a informação. Com esta simples medida, os senhores que dirigem a rádio passam a decidir o que é notícia, ignorando assim as mais elementares regras deontológicas e mesmo alguns artigos do Estatuto do Jornalista.

Mas há mais novidades e uma delas é a mudança da rádio para novas instalações na Boidobra. Contra a vontade dos jornalistas e a lógica informativa de qualquer órgão de comunicação local, a rádio sai do centro da cidade para a periferia. Para além disso, e ao contrário do que seria desejável, a rádio não vai para instalações próprias, mas para um outro espaço cedido pela Câmara Municipal, pelo que a independência da RCC vai passar a ser uma miragem.

Entretanto, um dos jornalistas da rádio despediu-se. Em consequência, os noticiários das 8 horas e dos fins-de-semana foram suprimidos. Foram ainda suspensos outros programas de informação e grande parte da programação é assegurada por um sistema informático. A única jornalista da rádio, em conjunto com o único animador, fazem o que podem para manter a RCC viva, mas não é fácil.

Com estas medidas, o vereador/director de programação e o funcionário camarário/coordenador de estação registam um assinalável sucesso na sua cruzada para “domesticar” a Rádio Clube da Covilhã.

A situação financeira da RCC também não parece ser famosa. Segundo a direcção da rádio, a escolha das instalações na Boidobra está relacionada com o facto das obras no local disponibilizado pela Universidade exigirem um investimento fora das possibilidades actuais da RCC. O problema é que a situação financeira tende a piorar, pois os anunciantes têm a noção de que as audiências estão a decrescer. A aproximação da rádio à universidade poderia inverter essa tendência, já que apareceriam propostas de programas vocacionados para novos públicos. A consequência mais provável seria o crescimento da publicidade, mas esse dado não foi considerado relevante por quem escolheu a Boidobra em detrimento da Universidade.

No seu actual ciclo de vida, a rádio perdeu a isenção, perdeu a independência, está a perder ouvintes e, consequentemente, anunciantes. O caminho escolhido não me parece o melhor. Do espírito inicial da RCC, resta a sigla. Porém, o seu significado já não é Rádio Clube da Covilhã, mas Rádio Câmara da Covilhã.

Por: João Canavilhas

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